segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Como conhecer uma cidade?

Como conhecer uma cidade? É simples: isso é impossivel. Mesmo viva 50 anos em Lisboa nao vai nunca conhecer a cidade toda. Até porque tudo está sempre a mudar. E se digo Lisboa digo muito mais NY, ou Londres, Madrid, Sao Paulo, Buenos Aires ou Beijin! O que um turista faz habitualmente é procurar ficar com uma vaga ideia. E mais vaga ainda porque costuma ter pouquissímo tempo e investe-o a querer ver o máximo possivel. Assim, acaba por fazer os intensivos roteiros dos guias turisticos, batendo os locais mais históricos e tipicos. Típicos principalmente para turistas! Ok, nada contra. Eu, como turista, ás vezes também embarco (parcialmente) nesses raides intensivos. Mas sempre que posso escapo.

O primeiro passo dou-o, em geral, antes mesmo de chegar ao lugar. Consiste em saber e aceitar que nao vou conhecer a cidade toda. Nem quero. Aliás, nem toda nem sequer uma minima parte. Tendo essa primeira parte sido estabelecida o segundo passo dá-se com naturalidade: relax! Nao vamos a algum lado para stressar. Se nao conhecer nada incrivel...nao conheço! Algumas das minhas cidades preferidas nem sequer têm nada de especial para ver ou fazer. Mas têm pessoas, têm um ambiente, um estilo de vida, algo que agrada. E é precisamente isso que procuro descobrir: as pessoas e o seu estilo de vida. A Vida das pessoas nao costuma ser feita de “incrivéis” e “fantásticos”, e sim de normalidades, rotinas, hábitos, etc. É isso que quero conhecer. Os hórarios, os trasportes, que supermercados frequentam, quais e como sao as escolas dos filhos, que tipo de roupa vestem, como se divertem, como descansam, que Tv vêm....

Sempre que posso viajo a trabalho. Prefiro viajar a trabalho do que como mero turista. E sempre que vou de turista, como agora estou, procuro integrar-me de alguma forma na rotina de quem nao o é. Ou seja, tento ficar com amigos e ou colegas que vivam no lugar, e de alguma forma integrar-me no seu trabalho, afazeres, diversoes, etc. Por sorte sou professor de yôga, de um yôga que tem faz enfase num conceito fantástico e terrivel chamado: egrégora. Egrégora é a força de grupo, a dinamica do grupo, o grupo. Na pratica isso permite-me conhecer gente em bastantes sitios e saber que conto com alguma receptividade porque todos temos algo em comum. E ás vezes até é mesmo amizade.

O yôga ensina a concentrar-nos. Eu gosto de yôga, os seus conceitos, conselhos e praticas fazem sentido para mim. Tento aplicar o yôga em tudo o que faço. E talvez por isso dediquei-me ao próprio yoga. O circulo fecha-se. O Yôga ensina-nos a concentrar num único ponto, focar, estabilizar, manter estável, e desse foco estável, surge o conhecimento. Da concentraçao, que aparentemente diminui o movimento, acaba pro surgir algo mais profundo, que está para além da superficialidade. Neste caso da superficialidade dos roteiros turisticos. Assim, viajo com o foco no próprio yôga. Estou principalmente com professores e alunos de yoga. Vou a escolas de yôga. Pratico yôga. E assim acabo por conhecer gente através do yôga. Gente da mais diversa, gente local, gente real! Sobretudo evito ver só outros turistas, todos a fazer o mesmo programa alienado da realidade quotidiana. Ao procurar as escolas, ao visitar os amigos, ao seguir com eles as suas rotinas acabo por conhecer muito melhor a cidade e suas gentes. Pelo menos conheço relativamente bem algumas das pessoas e actividades.

E assim tenho andado. Dormo, como, descanso, vejo Tv, navego na internet, vou a escolas de yôga, pratico, medito, vou as compras, ajudo nas rotinas da casa, passeio... Estou ainda muito longe de ser um Londinense, e nem sequer tenho pretensoes a conhecer Londres. Mas estou contente, tranquilo e...feliz. Logo eu que nem acredito em felicidade!

1 comentário:

  1. Olá, tens que ver os erros, experimenta ler antes de pôr. "Dormo"?ehhehe
    Está muito bem, ainda bem que estás contente por aí. Eu com a minha nova rotina tb me vou dando bem, descobrindo novos horizontes e conhecendo outras pessoas, e reaprendendo outras.
    Assim é a vida.
    Não pára, e não espera.

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