quinta-feira, 9 de julho de 2009

A viagem de volta

Estou no avião saído de Delhi a caminho de Londres. Uma maratona de horas no ar, entre uma eternidade de horas nos chãos desconfortáveis dos aeroportos.

Como sempre medito.

A minha consciência está em ebulição. Estar sozinho no fim de tanta existência submerge-me nos abismos do ser. Tento assimilar algo destes dois últimos meses tão férteis. Tento assimilar as vertigens das últimas horas, do último dia, tão absurdamente esmagador, onde das coisas que vim a procura e conheci se precipitaram sobre si mesmas num orgasmo que não é de prazer, mas simplesmente de intensidade. Medito e escrevo como sempre, tentando entender-me e esvair-me. Mas ainda nada está enxuto.

Nos filmes que passam no avião procuro distrair-me mas abato-me ainda mais sobre a minha própria erupção. Uma história é óptima, e brilhantemente interpretada pelos geniais Merly Streep e Phillip Seymour. Tão boa que me faz voltar a filosofia. A outra história é um filme que não poderia desculpar nem mesmo ao Woody Allen. É com certeza dos piores que vi me anos, ao que não deve ser indiferente o meu estado de espírito. Um argumento e realização patético, que nem o poder hipnótico de quatro dos actores mais belos do mundo poderia salvar. Mas o cenário é a língua, é Espanha. A Espanha idílica de Oviedo e Barcelona em alguma das suas belíssimas Vilas. É Hispânia, e portanto é também Portugal. E Portugal é casa. E de repente, em pleno avião, no fim de três meses da maior e melhor viagem da minha Vida vejo-me forçado a reunir todas as minhas forças para evitar chorar sem controlo. Simplesmente por estar a ir, a voltar, ao berço. A mim mesmo.
Leia o artigo completo CLIC

domingo, 29 de março de 2009

De volta...

Há dois dias acabou o segundo Camp: Rama Guitá. Este mini descanso foi bom para relaxar um pouco e preparar a viagem. Em poucos dias estarei de volta a Portugal. E neste momento é mesmo o que desejo.

Concerteza haverá uma próxima vez... Leia o artigo completo CLIC

Mais espirituosos que espirituais!

Nas cidades santas, como é Rishikesh, não se vende alcool em lado algum. Mas há muitos restaurantes hindus que o oferecem discreta e dissimuladamente aos turistas. Aliás, não só restaurantes, mas também outras lojas. No outro dia fui a uma loja dessas que vende todo tipo de bijiganjas tipicas, do genero de colares e pulseiras de rudrakshas, cristais, brincos, etc. Após ter comprado o que queria o fulano que me atendeu perguntou-me se queria “beer”. Como eles têm um sotaque nem sempre facil de discernir, e porque o contexto era tao descontextualizado, eu não percebi. Entao ele levou-me para a parte de dentro e detrás da loja e mostrou-me orgulhoso as latas de um litro de cerveja... No tanks... Eles adoram alccol. Principalmente cerveja e wisky. E claro que isso não é nada. O meu motorista em Delhi ao segundo dia já se ofereceu para me arranjar haxixe e até heroina !!! Enfim, eles arranjam de tudo o que lhes renda alguma comissao. E em geral consideram os ocidentais uns bandalhos que tomam tudo. Muitos deles seguem a mesma linha, e cada vez mais. Outros, a minoria, consideram-nos impuros e em geral não nos respeitam muito. Também, com os exemplos que se vêm por aqui! Além dos ocidentais terem tendencia a vestir-se como hippies, muitos ainda acham que isto faz parte de algum antigo trilho de drogas, e acham imensa piada em vir á procura de “banglassi”, um batido de yogurt com haxixe! Um dos sadhus (renunciantes, homens santos) que tinha vista no Bandara que o ashram onde estou organiza semanalmente, viu-o ontem a vender haxixe a um casal de turistas, em plena rua de Rishikesh! Lindo...
Leia o artigo completo CLIC

A ASAE, o comercio e segurança na India


Se a ASAE fosse imcumbida de fiscalizar os estabelecimentos comerciais na India, sob os nossos padroes e regulamentos, o trabalho deles seria simplificado. Cerca de 99% dos estabelicimentos seria pura e simplesmente encerrado. Aliás, para a maioria nem seria preciso entrar no estabelecimento, bastava olhar de fora. E em muitos sitios nem sequer seria necessário verificar estabelecimento a estabelecimento, pois simplesmente fechariam a rua inteira, o bairro inteiro, talvez mesmo a cidade inteira!

Aqui não creio que exista algo equivalente a ASAE. Ou melhor, deve haver, mas so para efeitos de cobrança de impostos, ou provavelmente ainda mais provavel, para cobrança de comissoes corruptas, vulgos subornos. Sim porque o nivel de corrupçao aqui é tao amplo, generalizado e institucionalizado que faria um brasileiro ter orgulho na seriedade dos seus politicos e respectivo sistema. Muito mais um português. Não creio que aqui haja muita mafia. A economia paralela é oficial!

Isto faz-me pensar nos exageros opostos a que chegamos na Europa, onde tudo esta regularizado, normalizado, até a cor, tamanho e formato da fruta e legumes! É ridiculo. Coisas que foram comidas sem problemas por séculos sao de repente proibidas por um senhor de gravata sentado nos corredores de Bruxelas. Tudo para nossa segurança claro! Ou para controlar o negócios de biliões que hoje é a PAC.

O certo é que tenho comido em muitissimos restaurantes, a maioria deles com pior aspecto do que os piores que já comi em Portugal. Nem por isso mais sujos, mas o padrao de aspecto é simplesmente outro. A ASAE fecharia absolutamente todos sem pensar duas vezes. E a verdade é que ainda não tive problema alimentar algum. Nada. Estou inclusivamente convencido que aquele primeiro e único vomito que tive no primeiro dia em Delhi foi psicossomático. Tenho comido e bebido, e tem sido uma optima experiencia, porque aqui os restaurantes são baratissimos (come-se bem por 1, 2 ou 3 euros, e até por menos), e muitos deles têm um menu mais variado que os chineses, posi são destinados a turistas de todo mundo. Assim, têm menu indiano, vegetariano e não vegetariano, e depois menu chinês, italiano, e muitas vezes ainda menu maericano, israelita, continental , arabe... é uma festa!

Não estou com isto a dizer que é melhor não ter normas e regulamentos sanitários e de segurança. Claro que é. Mas nem tanto ao mar, nem tanto a terra. Aqui a maioria dos taxis são triciclos, os famosos rickshaws. Segurança? Z E R O!. A única segurança é andarem geralmente devagar. Mas num triciclo com uma area de um mini podem ir 12 pessoas. Mais condutor. Sem vidros, nem portas, nem airbags! E tem de andar por entre vacas, caes, peoes, outros triciclos, carros, camioes, etc. Todos com uma nocao de conduzir na vi apublica que faria um portuguûes orgulhar-se da sua educaçao e civismo.

E assim a Índia anda. E anda mesmo. Devagar e mal. Mas com tanta gente a andar, no fim andam inevitávelmente muito. Muito mais. Mais uns anos, e se isto não implodir tudo, a ìndia será uma hiperpotencia que só a China olhará de cima...

O mais curioso é que nunca, em nenhum país, e nem mesmo em Portugal, tive a sensaçao de estar num país tao seguro. Não a nivel sanitário ou na estrada, porque nesse aspecto é mesmo desastroso. Mas na sensaçao de estar seguro nas ruas, na sensaçao de que não serei assaltado, ou pior. Não é que não hajam riscos, isto não é pais de santos. Mas por algum motivo é um pais relativamente seguro. Pelo menos para um homem. Para uma mulher, sobretudo se for ocidental, e pior se for loira, as coisas mudam. Os indianos são em geral muito reprimidos sexualmente, e acham que as mulheres estrangeiras em geral são bastante... “dadas”. Assim, se for uma mulher e quiser viajar sozinha na Índia é preciso alguma atençao e espirito tolerante extra, alguma paciencia. Mas mesmo asism nada de especial. Há, ainda há, uma sensaçao de segurança realmente fantástica no ar. Não sei exactamente porquê, a quê devemso esta benece, mas também não importa. Mais vale aproveitar enquanto dura.
Leia o artigo completo CLIC

terça-feira, 24 de março de 2009

Sobre a India moderna

Estive a ler mais um livro. Um optimo: White Tiger.

Retive um comentario absolutamente divino para caracterizar a India moderna.

"Antes da indenpendencia a India vivia sob a lei do zoo. Depois da independencia passou a viver sob a lei da selva."
Leia o artigo completo CLIC

domingo, 22 de março de 2009

Piadinha de guru...sobre guru!

Durante os sat sangas, ao final do dia, podemos fazer perguntas ao Swami Dayananda sobre o que quiseremos. Ele tenta sempre responder mesmo quando nitidamente acha a pergunta...tonta.

No outro dia fizeram-lhe uma pergunta, daquelas que, mais cedo ou mais tarde, acaba por aparecer sempre: como reconhecer um grande guru?

Ele respondeu como quase sempre, com extremado bom humor.

Dayananda: “Deve-se ter sempre uma fita métrica á mao. Quanto maior for a barba mais grande é o guru!”

Dayananda: “Uma vez o meu professor de gramática (gramatica de sanscrito) estava a voltar na sua bicicleta para o seu ashram, aqui perto. No caminho um taxi parou-o e de lá saiu um individuo que lhe perguntou: Swamiji, qual o maior guru de toda a area de Rishikesh? Resposta do swami: sou eu!”

E entretanto já não para ter piada, mais a sério...

Dayananda: “O guru não tem de ser grande. O que o guru tem é de ajudar o aluno a reconhecer o grande que ele é!”
Leia o artigo completo CLIC

Pratica intensiva de yoga. Yoga?!?

Entre os dois Camp's de Vedanta, o anterior e este que estou a fazer, tive quase 20 dias com pouco para fazer. Ainda por cima a maioria dos meus amigos daqui estava de viagem turistica algures pela Índia. Por isso aproveitei para sair do ashram e ir para Laxmanjhula (a ponte mais a norte), mais perto de onde estava a praticar yoga, aproveitando também para fazer uma alimentaçao mais variada e saborosa. Pratiquei intensamente, como nunca antes na minha vida. Em média 4 horas por dia. 4 horas por dia de asana (as tecnicas corporais).

Ashtanga Vinyasa Yoga.

Este metodo é o mais na moda no mundo ocidental actualmente. Resumindo é um metodo inventado por um indiano e aperfeiçoado por outro seu discipulo há cerca de 70 a 50 anos atrás, para dar aulas a crianças e adolescentes de um palacio para o qual foi contratado numa missao meio de professor de yoga meio de educaçao fisica. E é isso que o método é: um metodo que é meio asanas de yoga e outro meio de educaçao fisica. Sao só tecnicas corporais. Eles dizem que tem pranayama (respiratorios) e meditaçao incorporados. Não vou ser obtudo e dizer que não tem. Afinal de contas, queiramos ou não, temos sempre de respirar e se possivel devemos praticar concentrados e conscientes no que estamos a fazer. Também tem bandhas (contraçoes de plexos e glandulas) e drishtis (olhar concentradamente para algum ponto). Mas convenhamos que tudo se passa dentro do asana. Sao as tecnicas corporais que sao o foco. E é por isso que este metodo é tao popular actualmente no ocidente (indianos mesmo a praticar este metodo sao poucos). Consiste em fazer 1 série (ao todo, entetanto, já “codificaram” 6 series) de posiçoes, encadeadas umas nas outras atraves de vinyasas, que na pratica sao variaçoes de surya namaskar (sequencia de posiçoes chamada “saudaçoes ao sol”). Porque o movimento é quase constante e os movimentos devem ser coordenado com a respiraçao chama-se “vinyasa”. E a verdade é que de vinyasa tem muito, agora de ashtanga yoga tem pouco. Ou nada. É asana mesmo. E esse é o ponto forte e fraco deste metodo. Para quem gosta de suar fazendo um trabalho fisico intensivo que mistura força e flexibilidade, através de asana forte e feito com poucas pernanencias (5 a 8 respiraçoes) é o metodo quase perfeito. Para quem quer algo mais...tera de migrar para outro estilo, porque neste, depois de dominar a primeira seria a unica coisa que há é... mais 5 series de crescente exigencia! E no mundo inteiro so há uns 2 ou 3 gajos que supostamente dominaram as 6 series. Aliás, mesmo a primeira já é bastante pesada e suficiente para 90% dos comuns mortais. Este não é o estilo indicado para quem estiver com problemas fisicos. Aliás, só dá para quem estiver razoavelmente bem e quiser ficar ao nivel de artista de circo ou ginasta olimpico. É demasiado intenso, cansativo (extenuante), exigentea nivel de flexibilidade, e sobretudo rápido. Não da para que a pessoa que coloque cuidadosamente na posiçao. Não dá para relaxar e meditar na posiçao. E pelo tipo de pratica tende a ocasionar problemas de joelho e de base de coluna. Se o professor que ministra a aula for como a maioria, que faz ajustes brutais no praticante, “ajudando-o” a colocar-se em posiçoes que a partida o corpo não parece permitir, entao temos um caldinho bastante picante! Mas se o praticante já tiver alguma experiencia e autoconhecimento, souber os seus limites e se souber defender, em geral não há grandes problemas. E, para quem lhe assentar bem, é divertido. E toca a suar. Suar muito. Tanto ou mais que numa sauna! Não estou a exagerar. Só a primeira serie, que sao cerca de 25 asanas com variacoes, mais os vinyasas, dura cerca de 2 horas a fazer, e sua-se abundantemente desde os primeiros 10 minutos!

Para mim, que sou de tendencia kapha, terra, de bases sólidas e com tendencia a ficar (demasiado) estável, tendendo a inerte, este tipo de pratica dinamica assenta-me como uma luva. Ainda mais que eu gosto de suar, este suar de exercicio fisico intenso! Custa-me. Ainda mais porque tenho problemas graves nos joelhos que me limitam em elgumas posiçoes. Mas gosto, acho divertido, entretido. Mesmo se a pratica é tao intensa que não consigo fazê-la todos os dias. Nunca vou ser um “ashtangi”, que aliás é um grupinho de yogis tremendamente vaidoso e geralmente bastante ignorante. Aliás, ainda nem sequer sei se considero isto yoga ou não! Mas que é divertido é. Gosto. Faço como desporto. Já levo 15 praticas e vou fazer mais.
Alguns professores que conheco dizem-me que este estilo de yoga, segundo os principios do ayurveda (a suade segundo os vedas) desiquilibra todos os doshas e todos os sistemas biologicos da pessoa. Dizem tambem que e himsa (agressao) ao proprio organismo... Eu ja estudei um pouco de ayurveda e pretendo estudar mais. Mas por enquanto nao sei fazer este tipo de avaliacoes. Alias, cada vez mais, o que mais me importa e como me sinto. Porque gurus a dizer tudo e mais alguma coisa, assim como o seu contrario, e o que nao falta. Assim, cada vez mais, procuro observar-me e avaliar pro mim mesmo! E tenho-me sentido bem.
Emfim. Tenho praticado com o Kamal, no Tatwa yogashala. É um professor impecável. Não é brutal, não é 100% ortodoxo, e é cuidadoso, atencioso e informal. Deve ter uns 30 anos e de aspecto fisico parece imensamente o Michel Jackson, e algumas colegas de pratica dizem que acham que ele é gay. Não sei. Mas que todos gostamos imenso dele isso gostamos. Ainda lá vou voltar algumas vezes mais. O melhor deste gajo e que ele nao e um "ashtanga teacther" ortodoxo, daqueles que procura ser mais Pattabi Jois que o proprio Patttabi Jois, e que forcam os alunos nas posicoes com verdadeira brutalidade, que muitas vezes acabam com problemas graves de joelhos ou lombar. Este ate usa straps e blocos para ajudar nas posicoes, evitar problemas de joelhos, etc. Ate evita duas ou 3 posicoes da serie para ser cuidadoso, e nao forca ninguem... Embora este nao seja o meu estilo, a verdade e que este professor e excelente. E um bom professor e meio caminho andado. Definitivamente a minha natureza nao e a ortodoxia!

O mais engracado e que , nao tendo nada mais que asana, nao tendo mantra...tem! Como as aulas sao guiadas e a pratica e sempre igual, toda a pratica acaba por ser um mantra, sempre igual, do inicio ao fim. O professor diz exactamente as mesmas coisas, da mesma forma... E o ingles dos indianos costuma ser muito divertido!

Iyengar yoga

Antes da moda do Ashtanga “vinyasa” yoga se instalar um pouco por todo mundo (fora da Índia) a partir da década de 90 do século passado, o estilo mais famoso de praticar Hatha yoga era aquilo que hoje se conhece como “Iyengar yoga”. Iyengar yoga é a forma como o mestre Iyengar e os seus seguidores praticam Hatha yoga, mais propriamente asana! O Iyengar também aprendeu os passos iniciais com o krishnamacharya, o mesmo mestre que inventou originalmente o Ashtanga “vinyasa” Yoga. Mas nunca chegou a ser um praticante ou seguidor desse estilo. Antes praticou essencialmente sozinho, intensamente, durante muito tempo. Aos poucos foi desenvolvendo o seu estilo, conforme os seus gostos e necessidades, bem como os gostos e necessidades dos seus alunos. Um estilo com atençao a problemas de saude, com alguns tiques terapeutico portanto. Mas nem por isso suave. Acabou por se transformar num método quase oposto ao anteriormente referido: parado, estátito, sem nenhum “flow”, um “flow que agora esta tao na moda. E isso não é nenhuma critica, até porque essa (estática) é que é a forma mais classica e ortodoxa de asana.

A certa altura, lá pelos anos 50/60, um famoso violonista travou contacto com ele, gosto do que viu, trouxe-o ao ocidente e incentivou-o a escrever um livro, que viria a ser o famosissimo Light on Yoga, um dos melhores e mais famosos livros de Hatha yoga de toda a história do yoga, e que influenciou grande parte das escolas, professores e praticantes de todo mundo! Esse estilo de Hatha yoga, que hoje tem nome próprio (“Iyengar yoga”), consiste essencialmente em praticar asanas, as tecnicas corporais. Á medida que os ocidentais se tornaram a força predominante nessa pratica o metodo foi-se tornando mais e mais resumido ao fisico. Hoje o metodo é uma refinadissima pratica de tecnicas corporais, que se pratica com imensos acessórios (cordas de parede, blocos, straps, varios tipos de almofadas e cobertores, pesos, etc.). O especial desta pratica, é a atençao ao detalhe, que tem um nome generico de “alinhamento”. A atençao ao detalhe é quase tao estenuante e exagerada como no metodo anterior sao os vinyasas constantes. É incrivel o nivel de detalhes que se devem ter em atençao em posiçoes relativamente simples. Os apoios dos pés sao dissecados ao milimetro. Mas o alinhamento dos quadris consegue ser ainda mais dissecado. O encaixe das pernas nos quadris, o encaixe dos braços e ombros no tronco, a rotaçao dos ombros, dos joelhos, das coxas, os apoios de maos, o alinhamento da cabeça... Sao promenores sem fim!

Fiz um curso intensivo de 10 dias seguidos, 2 horas por dias, com um professor daqui, chamado Suryans. O tipo não é o mas conceituado de Rishikesh. Os mais conceituados sao o Rudra Dev, antigo professor de Hatha yoga do Sivananda Ashram e discipulo senior de Iyengar, que entretanto ganhou ganhou fama e na decada de noventa abriu a sua própria sala para se dedicar a dar aulas nesse estilo. Aos poucos o pranayama desapreceu da pratica e ficou so o asana. A sala dele esta no lado oposto a todo o movimento de Rishikesh, é imunda e está cheia de alunos fervorosos atras do mais famoso professor de “Iyengar” de Rishikesh. A segunda professora mais conceituada é uma velhinha Suiça, chamada Usha Devi. A incrivel história desta mulher pode ser vista a partir deste site. Tal como o professor anterior tens as aulas demasiado cheias. E tal como o anterior prima pelo estilo hiper exigente e militarizado de dar aulas. “Isso está uma merda” é algo que pode ser considerado algo quase atencioso, uma especie de elogio iyengarizado dado pela velhinha, que depois conta uma piadinha e ri para desanuviar. Menos atencioso será por exemplo um pontapé ou uma verdascada para assinalar algo mal executado numa posiçao! Ou simplesmente para obrigar o praticante a lidar com o ego, diz-se...O meu professor, Suryans, ainda que dado a poucos elogios, era de estilo menos militar. Menos, so um pouco menos... E como ainda nao tem tanta fama é menos pretensioso e pode ser mais atencioso. Atencioso demais! Não de simpatia, mas de atençao ao detalhe! Em 10 dias, 2 horas por dia, 20 horas portanto, devemos ter feito, ao todo umas 13 ou 14 posiçoes! Não chegamos a fazer shirshasana (a posiçao sobre a cabeça) e só tentamos um surya namaskar, a saudadçao ao sol. Mas a meio dessa tentativa abortada o gajo disparou logo “ you are not ready. You see, i told you, not ready”. !!! “You can t do shirshasana whith out knowing this, you are not ready you see, i told you, you see”. !!! "You cant do pranayama, you are not ready you see, i told you, you see, not ready”. Ás tantas eu já não sabia se me havia de rir da forma dele falar ingles se do exagero dado aos detalhes e as constantes repetiçoes para voltar a tentar girar ligeiramente o joelho mais para fora, ou a parte de fora do pé mais contra o chao, ou o osso da frente dos quadris mais para cima, ou os ombros mais abertos... Trikonasana, trikonasana, trikonasa, trikonasana... !!! E eu nem sou nada de especial em asana, mas tambem não sou um iniciante. E estavam la alunos antigos de Iyengar, e até professores! Eu, sinceramente, não sabia que poderia haver tanta coisa para ter em atençao numa posiçao, seja ela qual for. E por isso adorei. Adorei porque aprendi. Aprendi muito sobre asana. Sobre detalhes que algumas vezes fazem muita diferença. Detalhes que salvam um joelho, detalhes que mexem realmente com toda a estrutura muscular dos quadris, com o encaixe da coluna, detalhes que têm reflexos importantes quando nos viramos ao contrário num shírshasana, etc. Adorei aprender, e como foi para aprender que cá vim fiquei extremamente satisfeito. Adorei aprender e quero saber mais. Mas isto não se aprende em 10 dias, em 20 horas. Aprende-se em 10 anos, em 2000 horas. Em mais...

Mais uma vez, o único problema deste método, como do anterior, é que é só ásana. Este ainda e mais so asana que o anterior, se e que isso e possivel! Eles bem falam em “open eye meditation”, meditaçao no corpo, “the intelegent body” e blá, blá, bla. Mas convenhamos que isto é asana. Só asana. Asana muito bom, mas apenas e so asana. E se o yoga fica so pelo asana nem yoga é! Yoga é conhecimento. Conhecimento de si mesmo, do Todo, da realidade. E por isso cá estou no Dayananda ashram, a fazer curso de Vedanta, de filosofia própriamente dita. Porque isto de meditar no corpo, ou conhecer-se através do corpo e tal, é uma conversa muito bonita, mas é para quem quer sentir-se bem consigo mesmo por não saber, nem querer saber, mais nada!

Aliás, o meu corpo, depois de 2 semanas a 4 horas pratica fisica intensiva por dia está ressentido. Está cansado, dolorido, retraido. Precisa de descansar para assimilar.
Leia o artigo completo CLIC