tag:blogger.com,1999:blog-42422964320754177622024-03-21T07:43:21.787-07:00Viagens e crónicas de um yoginÍndia, Londres e uns recantos mais, vistos por um viajante espiritual... pós-moderno!Unknownnoreply@blogger.comBlogger46125tag:blogger.com,1999:blog-4242296432075417762.post-40093839888110781872009-07-09T07:47:00.000-07:002009-07-09T07:54:47.553-07:00A viagem de volta<div style="text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">Estou no avião saído de Delhi a caminho de Londres. Uma maratona de horas no ar, entre uma eternidade de horas nos chãos desconfortáveis dos aeroportos.<br /><br />Como sempre medito.<br /><br />A minha consciência está em ebulição. Estar sozinho no fim de tanta existência submerge-me nos abismos do ser. Tento assimilar algo destes dois últimos meses tão férteis. Tento assimilar as vertigens das últimas horas, do último dia, tão absurdamente esmagador, onde das coisas que vim a procura e conheci se precipitaram sobre si mesmas num orgasmo que não é de prazer, mas simplesmente de intensidade. Medito e escrevo como sempre, tentando entender-me e esvair-me. Mas ainda nada está enxuto.<br /><br />Nos filmes que passam no avião procuro distrair-me mas abato-me ainda mais sobre a minha própria erupção. Uma história é óptima, e brilhantemente interpretada pelos geniais Merly Streep e Phillip Seymour. Tão boa que me faz voltar a filosofia. A outra história é um filme que não poderia desculpar nem mesmo ao Woody Allen. É com certeza dos piores que vi me anos, ao que não deve ser indiferente o meu estado de espírito. Um argumento e realização patético, que nem o poder hipnótico de quatro dos actores mais belos do mundo poderia salvar. Mas o cenário é a língua, é Espanha. A Espanha idílica de Oviedo e Barcelona em alguma das suas belíssimas Vilas. É Hispânia, e portanto é também Portugal. E Portugal é casa. E de repente, em pleno avião, no fim de três meses da maior e melhor viagem da minha Vida vejo-me forçado a reunir todas as minhas forças para evitar chorar sem controlo. Simplesmente por estar a ir, a voltar, ao berço. A mim mesmo.</span></div>Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4242296432075417762.post-77342957981290212582009-03-29T21:47:00.000-07:002009-03-29T21:49:22.799-07:00De volta...Há dois dias acabou o segundo Camp: Rama Guitá. Este mini descanso foi bom para relaxar um pouco e preparar a viagem. Em poucos dias estarei de volta a Portugal. E neste momento é mesmo o que desejo.<br /><br />Concerteza haverá uma próxima vez...Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4242296432075417762.post-31376778658945311092009-03-29T21:45:00.000-07:002009-03-29T21:47:21.698-07:00Mais espirituosos que espirituais!<div align="justify"><span style="font-size:85%;">Nas cidades santas, como é Rishikesh, não se vende alcool em lado algum. Mas há muitos restaurantes hindus que o oferecem discreta e dissimuladamente aos turistas. Aliás, não só restaurantes, mas também outras lojas. No outro dia fui a uma loja dessas que vende todo tipo de bijiganjas tipicas, do genero de colares e pulseiras de rudrakshas, cristais, brincos, etc. Após ter comprado o que queria o fulano que me atendeu perguntou-me se queria “beer”. Como eles têm um sotaque nem sempre facil de discernir, e porque o contexto era tao descontextualizado, eu não percebi. Entao ele levou-me para a parte de dentro e detrás da loja e mostrou-me orgulhoso as latas de um litro de cerveja... No tanks... Eles adoram alccol. Principalmente cerveja e wisky. E claro que isso não é nada. O meu motorista em Delhi ao segundo dia já se ofereceu para me arranjar haxixe e até heroina !!! Enfim, eles arranjam de tudo o que lhes renda alguma comissao. E em geral consideram os ocidentais uns bandalhos que tomam tudo. Muitos deles seguem a mesma linha, e cada vez mais. Outros, a minoria, consideram-nos impuros e em geral não nos respeitam muito. Também, com os exemplos que se vêm por aqui! Além dos ocidentais terem tendencia a vestir-se como hippies, muitos ainda acham que isto faz parte de algum antigo trilho de drogas, e acham imensa piada em vir á procura de “banglassi”, um batido de yogurt com haxixe! Um dos sadhus (renunciantes, homens santos) que tinha vista no Bandara que o ashram onde estou organiza semanalmente, viu-o ontem a vender haxixe a um casal de turistas, em plena rua de Rishikesh! Lindo...</span></div>Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4242296432075417762.post-16957407146466897942009-03-29T21:42:00.000-07:002009-03-29T21:45:00.209-07:00A ASAE, o comercio e segurança na India<div align="justify"><br /><span style="font-size:85%;">Se a ASAE fosse imcumbida de fiscalizar os estabelecimentos comerciais na India, sob os nossos padroes e regulamentos, o trabalho deles seria simplificado. Cerca de 99% dos estabelicimentos seria pura e simplesmente encerrado. Aliás, para a maioria nem seria preciso entrar no estabelecimento, bastava olhar de fora. E em muitos sitios nem sequer seria necessário verificar estabelecimento a estabelecimento, pois simplesmente fechariam a rua inteira, o bairro inteiro, talvez mesmo a cidade inteira!</span></div><div align="justify"><br /><span style="font-size:85%;">Aqui não creio que exista algo equivalente a ASAE. Ou melhor, deve haver, mas so para efeitos de cobrança de impostos, ou provavelmente ainda mais provavel, para cobrança de comissoes corruptas, vulgos subornos. Sim porque o nivel de corrupçao aqui é tao amplo, generalizado e institucionalizado que faria um brasileiro ter orgulho na seriedade dos seus politicos e respectivo sistema. Muito mais um português. Não creio que aqui haja muita mafia. A economia paralela é oficial!</span></div><div align="justify"><br /><span style="font-size:85%;">Isto faz-me pensar nos exageros opostos a que chegamos na Europa, onde tudo esta regularizado, normalizado, até a cor, tamanho e formato da fruta e legumes! É ridiculo. Coisas que foram comidas sem problemas por séculos sao de repente proibidas por um senhor de gravata sentado nos corredores de Bruxelas. Tudo para nossa segurança claro! Ou para controlar o negócios de biliões que hoje é a PAC. </span></div><div align="justify"><br /><span style="font-size:85%;">O certo é que tenho comido em muitissimos restaurantes, a maioria deles com pior aspecto do que os piores que já comi em Portugal. Nem por isso mais sujos, mas o padrao de aspecto é simplesmente outro. A ASAE fecharia absolutamente todos sem pensar duas vezes. E a verdade é que ainda não tive problema alimentar algum. Nada. Estou inclusivamente convencido que aquele primeiro e único vomito que tive no primeiro dia em Delhi foi psicossomático. Tenho comido e bebido, e tem sido uma optima experiencia, porque aqui os restaurantes são baratissimos (come-se bem por 1, 2 ou 3 euros, e até por menos), e muitos deles têm um menu mais variado que os chineses, posi são destinados a turistas de todo mundo. Assim, têm menu indiano, vegetariano e não vegetariano, e depois menu chinês, italiano, e muitas vezes ainda menu maericano, israelita, continental , arabe... é uma festa!</span></div><div align="justify"><span style="font-size:85%;"><br />Não estou com isto a dizer que é melhor não ter normas e regulamentos sanitários e de segurança. Claro que é. Mas nem tanto ao mar, nem tanto a terra. Aqui a maioria dos taxis são triciclos, os famosos rickshaws. Segurança? Z E R O!. A única segurança é andarem geralmente devagar. Mas num triciclo com uma area de um mini podem ir 12 pessoas. Mais condutor. Sem vidros, nem portas, nem airbags! E tem de andar por entre vacas, caes, peoes, outros triciclos, carros, camioes, etc. Todos com uma nocao de conduzir na vi apublica que faria um portuguûes orgulhar-se da sua educaçao e civismo.</span></div><div align="justify"><br /><span style="font-size:85%;">E assim a Índia anda. E anda mesmo. Devagar e mal. Mas com tanta gente a andar, no fim andam inevitávelmente muito. Muito mais. Mais uns anos, e se isto não implodir tudo, a ìndia será uma hiperpotencia que só a China olhará de cima...<br /><br />O mais curioso é que nunca, em nenhum país, e nem mesmo em Portugal, tive a<strong> sensaçao de estar num país tao seguro.</strong> Não a nivel sanitário ou na estrada, porque nesse aspecto é mesmo desastroso. Mas na sensaçao de estar seguro nas ruas, na sensaçao de que não serei assaltado, ou pior. Não é que não hajam riscos, isto não é pais de santos. Mas por algum motivo é um pais relativamente seguro. Pelo menos para um homem. Para uma mulher, sobretudo se for ocidental, e pior se for loira, as coisas mudam. Os indianos são em geral muito reprimidos sexualmente, e acham que as mulheres estrangeiras em geral são bastante... “dadas”. Assim, se for uma mulher e quiser viajar sozinha na Índia é preciso alguma atençao e espirito tolerante extra, alguma paciencia. Mas mesmo asism nada de especial. Há, ainda há, uma sensaçao de segurança realmente fantástica no ar. Não sei exactamente porquê, a quê devemso esta benece, mas também não importa. Mais vale aproveitar enquanto dura.</span></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4242296432075417762.post-29177551916229188062009-03-24T21:06:00.000-07:002009-03-25T07:03:42.543-07:00Sobre a India moderna<div align="justify"><span style="font-size:85%;">Estive a ler mais um livro. Um optimo: White Tiger.<br /><br />Retive um comentario absolutamente divino para caracterizar a India moderna.<br /><br />"<strong><span style="color:#cc0000;">Antes da indenpendencia a India vivia sob a lei do zoo. Depois da independencia passou a viver sob a lei da selva.</span></strong>"</span></div>Unknownnoreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4242296432075417762.post-44461879457922885052009-03-22T21:24:00.000-07:002009-03-22T21:27:55.129-07:00Piadinha de guru...sobre guru!<div align="justify"><span style="font-size:85%;">Durante os sat sangas, ao final do dia, podemos fazer perguntas ao Swami Dayananda sobre o que quiseremos. Ele tenta sempre responder mesmo quando nitidamente acha a pergunta...tonta.<br /><br />No outro dia fizeram-lhe uma pergunta, daquelas que, mais cedo ou mais tarde, acaba por aparecer sempre: <strong>como reconhecer um grande guru?<br /></strong><br />Ele respondeu como quase sempre, com extremado bom humor.<br /><br />Dayananda: “Deve-se ter sempre uma fita métrica á mao. Quanto maior for a barba mais grande é o guru!”<br /><br />Dayananda: “Uma vez o meu professor de gramática (gramatica de sanscrito) estava a voltar na sua bicicleta para o seu ashram, aqui perto. No caminho um taxi parou-o e de lá saiu um individuo que lhe perguntou: Swamiji, qual o maior guru de toda a area de Rishikesh? Resposta do swami: sou eu!”<br /><br />E entretanto já não para ter piada, mais a sério...<br /><br />Dayananda: “<strong>O guru não tem de ser grande. O que o guru tem é de ajudar o aluno a reconhecer o grande que ele é</strong>!”</span></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4242296432075417762.post-31715876307881981482009-03-22T20:59:00.000-07:002009-03-22T21:24:53.472-07:00Pratica intensiva de yoga. Yoga?!?<div align="justify"><span style="font-size:85%;">Entre os dois <strong>Camp's de Vedanta</strong>, o anterior e este que estou a fazer, tive quase 20 dias com pouco para fazer. Ainda por cima a maioria dos meus amigos daqui estava de viagem turistica algures pela Índia. Por isso aproveitei para sair do ashram e ir para Laxmanjhula (a ponte mais a norte), mais perto de onde estava a praticar yoga, aproveitando também para fazer uma alimentaçao mais variada e saborosa. Pratiquei intensamente, como nunca antes na minha vida. Em média 4 horas por dia. 4 horas por dia de asana (as tecnicas corporais).<br /><br /><strong>Ashtanga Vinyasa Yoga</strong>.<br /><br />Este metodo é o mais na moda no mundo ocidental actualmente. Resumindo é um metodo inventado por um indiano e aperfeiçoado por outro seu discipulo há cerca de 70 a 50 anos atrás, para dar aulas a crianças e adolescentes de um palacio para o qual foi contratado numa missao meio de professor de yoga meio de educaçao fisica. E é isso que o método é: um metodo que é meio asanas de yoga e outro meio de educaçao fisica. Sao só tecnicas corporais. Eles dizem que tem pranayama (respiratorios) e meditaçao incorporados. Não vou ser obtudo e dizer que não tem. Afinal de contas, queiramos ou não, temos sempre de respirar e se possivel devemos praticar concentrados e conscientes no que estamos a fazer. Também tem bandhas (contraçoes de plexos e glandulas) e drishtis (olhar concentradamente para algum ponto). Mas convenhamos que tudo se passa dentro do asana. Sao as tecnicas corporais que sao o foco. E é por isso que este metodo é tao popular actualmente no ocidente (indianos mesmo a praticar este metodo sao poucos). Consiste em fazer 1 série (ao todo, entetanto, já “codificaram” 6 series) de posiçoes, encadeadas umas nas outras atraves de vinyasas, que na pratica sao variaçoes de surya namaskar (sequencia de posiçoes chamada “saudaçoes ao sol”). Porque o movimento é quase constante e os movimentos devem ser coordenado com a respiraçao chama-se “vinyasa”. E a verdade é que de vinyasa tem muito, agora de ashtanga yoga tem pouco. Ou nada. É asana mesmo. E esse é o ponto forte e fraco deste metodo. Para quem gosta de suar fazendo um trabalho fisico intensivo que mistura força e flexibilidade, através de asana forte e feito com poucas pernanencias (5 a 8 respiraçoes) é o metodo quase perfeito. Para quem quer algo mais...tera de migrar para outro estilo, porque neste, depois de dominar a primeira seria a unica coisa que há é... mais 5 series de crescente exigencia! E no mundo inteiro so há uns 2 ou 3 gajos que supostamente dominaram as 6 series. Aliás, mesmo a primeira já é bastante pesada e suficiente para 90% dos comuns mortais. Este não é o estilo indicado para quem estiver com problemas fisicos. Aliás, só dá para quem estiver razoavelmente bem e quiser ficar ao nivel de artista de circo ou ginasta olimpico. É demasiado intenso, cansativo (extenuante), exigentea nivel de flexibilidade, e sobretudo rápido. Não da para que a pessoa que coloque cuidadosamente na posiçao. Não dá para relaxar e meditar na posiçao. E pelo tipo de pratica tende a ocasionar problemas de joelho e de base de coluna. Se o professor que ministra a aula for como a maioria, que faz ajustes brutais no praticante, “ajudando-o” a colocar-se em posiçoes que a partida o corpo não parece permitir, entao temos um caldinho bastante picante! Mas se o praticante já tiver alguma experiencia e autoconhecimento, souber os seus limites e se souber defender, em geral não há grandes problemas. E, para quem lhe assentar bem, é divertido. E toca a suar. Suar muito. Tanto ou mais que numa sauna! Não estou a exagerar. Só a primeira serie, que sao cerca de 25 asanas com variacoes, mais os vinyasas, dura cerca de 2 horas a fazer, e sua-se abundantemente desde os primeiros 10 minutos!<br /><br />Para mim, que sou de tendencia kapha, terra, de bases sólidas e com tendencia a ficar (demasiado) estável, tendendo a inerte, este tipo de pratica dinamica assenta-me como uma luva. Ainda mais que eu gosto de suar, este suar de exercicio fisico intenso! Custa-me. Ainda mais porque tenho problemas graves nos joelhos que me limitam em elgumas posiçoes. Mas gosto, acho divertido, entretido. Mesmo se a pratica é tao intensa que não consigo fazê-la todos os dias. Nunca vou ser um “ashtangi”, que aliás é um grupinho de yogis tremendamente vaidoso e geralmente bastante ignorante. Aliás, ainda nem sequer sei se considero isto yoga ou não! Mas que é divertido é. Gosto. Faço como desporto. Já levo 15 praticas e vou fazer mais. </span></div><div align="justify"><span style="font-size:85%;"></span></div><div align="justify"><span style="font-size:85%;">Alguns professores que conheco dizem-me que este estilo de yoga, segundo os principios do <strong>ayurveda</strong> (a suade segundo os vedas) desiquilibra todos os doshas e todos os sistemas biologicos da pessoa. Dizem tambem que e himsa (agressao) ao proprio organismo... Eu ja estudei um pouco de ayurveda e pretendo estudar mais. Mas por enquanto nao sei fazer este tipo de avaliacoes. Alias, cada vez mais, o que mais me importa e <strong>como me sinto</strong>. Porque gurus a dizer tudo e mais alguma coisa, assim como o seu contrario, e o que nao falta. Assim, cada vez mais, procuro observar-me e avaliar pro mim mesmo! E tenho-me sentido bem. </span></div><div align="justify"><span style="font-size:85%;"></span></div><div align="justify"><span style="font-size:85%;">Emfim. Tenho praticado com o <strong>Kamal, no Tatwa yogashala</strong>. É um professor impecável. Não é brutal, não é 100% ortodoxo, e é cuidadoso, atencioso e informal. Deve ter uns 30 anos e de aspecto fisico parece imensamente o Michel Jackson, e algumas colegas de pratica dizem que acham que ele é gay. Não sei. Mas que todos gostamos imenso dele isso gostamos. Ainda lá vou voltar algumas vezes mais. O melhor deste gajo e que ele nao e um "ashtanga teacther" ortodoxo, daqueles que procura ser mais Pattabi Jois que o proprio Patttabi Jois, e que forcam os alunos nas posicoes com verdadeira brutalidade, que muitas vezes acabam com problemas graves de joelhos ou lombar. Este ate usa straps e blocos para ajudar nas posicoes, evitar problemas de joelhos, etc. Ate evita duas ou 3 posicoes da serie para ser cuidadoso, e nao forca ninguem... Embora este nao seja o meu estilo, a verdade e que este professor e excelente. E um bom professor e meio caminho andado. Definitivamente a minha natureza nao e a ortodoxia!</span></div><p><span style="font-size:85%;">O mais engracado e que , nao tendo nada mais que asana, nao tendo mantra...tem! Como as aulas sao guiadas e a pratica e sempre igual, toda a pratica acaba por ser um mantra, sempre igual, do inicio ao fim. O professor diz exactamente as mesmas coisas, da mesma forma... E o ingles dos indianos costuma ser muito divertido! </p><div align="justify"><strong>Iyengar yoga</strong><br /><br />Antes da moda do Ashtanga “vinyasa” yoga se instalar um pouco por todo mundo (fora da Índia) a partir da década de 90 do século passado, o estilo mais famoso de praticar Hatha yoga era aquilo que hoje se conhece como “Iyengar yoga”. Iyengar yoga é a forma como o mestre <strong>Iyengar</strong> e os seus seguidores praticam Hatha yoga, mais propriamente asana! O Iyengar também aprendeu os passos iniciais com o krishnamacharya, o mesmo mestre que inventou originalmente o Ashtanga “vinyasa” Yoga. Mas nunca chegou a ser um praticante ou seguidor desse estilo. Antes praticou essencialmente sozinho, intensamente, durante muito tempo. Aos poucos foi desenvolvendo o seu estilo, conforme os seus gostos e necessidades, bem como os gostos e necessidades dos seus alunos. Um estilo com atençao a problemas de saude, com alguns tiques terapeutico portanto. Mas nem por isso suave. Acabou por se transformar num método quase oposto ao anteriormente referido: parado, estátito, sem nenhum “flow”, um “flow que agora esta tao na moda. E isso não é nenhuma critica, até porque essa (estática) é que é a forma mais classica e ortodoxa de asana.<br /><br />A certa altura, lá pelos anos 50/60, um famoso violonista travou contacto com ele, gosto do que viu, trouxe-o ao ocidente e incentivou-o a escrever um livro, que viria a ser o famosissimo <strong>Light on Yoga</strong>, um dos melhores e mais famosos livros de Hatha yoga de toda a história do yoga, e que influenciou grande parte das escolas, professores e praticantes de todo mundo! Esse estilo de Hatha yoga, que hoje tem nome próprio (“Iyengar yoga”), consiste essencialmente em praticar asanas, as tecnicas corporais. Á medida que os ocidentais se tornaram a força predominante nessa pratica o metodo foi-se tornando mais e mais resumido ao fisico. Hoje o metodo é uma refinadissima pratica de tecnicas corporais, que se pratica com imensos acessórios (cordas de parede, blocos, straps, varios tipos de almofadas e cobertores, pesos, etc.). O especial desta pratica, é a atençao ao detalhe, que tem um nome generico de “alinhamento”. A atençao ao detalhe é quase tao estenuante e exagerada como no metodo anterior sao os vinyasas constantes. É incrivel o nivel de detalhes que se devem ter em atençao em posiçoes relativamente simples. Os apoios dos pés sao dissecados ao milimetro. Mas o alinhamento dos quadris consegue ser ainda mais dissecado. O encaixe das pernas nos quadris, o encaixe dos braços e ombros no tronco, a rotaçao dos ombros, dos joelhos, das coxas, os apoios de maos, o alinhamento da cabeça... Sao promenores sem fim!<br /><br />Fiz um curso intensivo de 10 dias seguidos, 2 horas por dias, com um professor daqui, chamado Suryans. O tipo não é o mas conceituado de Rishikesh. Os mais conceituados sao o Rudra Dev, antigo professor de Hatha yoga do Sivananda Ashram e discipulo senior de Iyengar, que entretanto ganhou ganhou fama e na decada de noventa abriu a sua própria sala para se dedicar a dar aulas nesse estilo. Aos poucos o pranayama desapreceu da pratica e ficou so o asana. A sala dele esta no lado oposto a todo o movimento de Rishikesh, é imunda e está cheia de alunos fervorosos atras do mais famoso professor de “Iyengar” de Rishikesh. A segunda professora mais conceituada é uma velhinha Suiça, chamada Usha Devi. A incrivel história desta mulher pode ser vista a partir deste <a href="http://www.iyengaryoga.in/yoga_kendra.htm">site</a>. Tal como o professor anterior tens as aulas demasiado cheias. E tal como o anterior prima pelo estilo hiper exigente e militarizado de dar aulas. “Isso está uma merda” é algo que pode ser considerado algo quase atencioso, uma especie de elogio iyengarizado dado pela velhinha, que depois conta uma piadinha e ri para desanuviar. Menos atencioso será por exemplo um pontapé ou uma verdascada para assinalar algo mal executado numa posiçao! Ou simplesmente para obrigar o praticante a lidar com o ego, diz-se...O meu professor, Suryans, ainda que dado a poucos elogios, era de estilo menos militar. Menos, so um pouco menos... E como ainda nao tem tanta fama é menos pretensioso e pode ser mais atencioso. Atencioso demais! Não de simpatia, mas de atençao ao detalhe! Em 10 dias, 2 horas por dia, 20 horas portanto, devemos ter feito, ao todo umas 13 ou 14 posiçoes! Não chegamos a fazer shirshasana (a posiçao sobre a cabeça) e só tentamos um surya namaskar, a saudadçao ao sol. Mas a meio dessa tentativa abortada o gajo disparou logo “ you are not ready. You see, i told you, not ready”. !!! “You can t do shirshasana whith out knowing this, you are not ready you see, i told you, you see”. !!! "You cant do pranayama, you are not ready you see, i told you, you see, not ready”. Ás tantas eu já não sabia se me havia de rir da forma dele falar ingles se do exagero dado aos detalhes e as constantes repetiçoes para voltar a tentar girar ligeiramente o joelho mais para fora, ou a parte de fora do pé mais contra o chao, ou o osso da frente dos quadris mais para cima, ou os ombros mais abertos... Trikonasana, trikonasana, trikonasa, trikonasana... !!! E eu nem sou nada de especial em asana, mas tambem não sou um iniciante. E estavam la alunos antigos de Iyengar, e até professores! Eu, sinceramente, não sabia que poderia haver tanta coisa para ter em atençao numa posiçao, seja ela qual for. <strong>E por isso adorei. Adorei porque aprendi. Aprendi muito sobre asana. Sobre detalhes que algumas vezes fazem muita diferença</strong>. Detalhes que salvam um joelho, detalhes que mexem realmente com toda a estrutura muscular dos quadris, com o encaixe da coluna, detalhes que têm reflexos importantes quando nos viramos ao contrário num shírshasana, etc. <strong>Adorei aprender, e como foi para aprender que cá vim fiquei extremamente satisfeito. Adorei aprender e quero saber mais.</strong> Mas isto não se aprende em 10 dias, em 20 horas. Aprende-se em 10 anos, em 2000 horas. Em mais...<br /><br />Mais uma vez, o único problema deste método, como do anterior, é que é só ásana. Este ainda e mais so asana que o anterior, se e que isso e possivel! Eles bem falam em “open eye meditation”, meditaçao no corpo, “the intelegent body” e blá, blá, bla. Mas convenhamos que isto é asana. Só asana. Asana muito bom, mas apenas e so asana. E se o yoga fica so pelo asana nem yoga é! <strong>Yoga é conhecimento. Conhecimento de si mesmo, do Todo, da realidade. E por isso cá estou no Dayananda ashram, a fazer curso de Vedanta, de filosofia própriamente dita.</strong> Porque isto de meditar no corpo, ou conhecer-se através do corpo e tal, é uma conversa muito bonita, mas é para quem quer sentir-se bem consigo mesmo por não saber, nem querer saber, mais nada!<br /><br />Aliás, o meu corpo, depois de 2 semanas a 4 horas pratica fisica intensiva por dia está ressentido. Está cansado, dolorido, retraido. Precisa de descansar para assimilar. </span></div>Unknownnoreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-4242296432075417762.post-36905456279992426812009-03-16T02:49:00.000-07:002009-03-16T02:56:54.077-07:00Os rios na Índia e o banho ritual no Ganges<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg15AIChytX4FkgIWqiTnVYJfrKX0sHasa1LwLVvzFFWwNCM_Xn-dsN95dMc2hWBRDWKMvIesFoDgbMMVpzblY6VBFEKVBdZKsa4B0WrXqNeG5qUdGb1jKFeM16gWwSpGvf81bOnOMcZw/s1600-h/PICT0469.JPG"><img style="cursor: pointer; width: 400px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg15AIChytX4FkgIWqiTnVYJfrKX0sHasa1LwLVvzFFWwNCM_Xn-dsN95dMc2hWBRDWKMvIesFoDgbMMVpzblY6VBFEKVBdZKsa4B0WrXqNeG5qUdGb1jKFeM16gWwSpGvf81bOnOMcZw/s400/PICT0469.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5313721058387433122" border="0" /></a>
<br /> <meta equiv="CONTENT-TYPE" content="text/html; charset=utf-8"> <title></title> <meta name="GENERATOR" content="OpenOffice.org 2.4 (Linux)"> <style type="text/css"> <!-- @page { size: 21cm 29.7cm; margin: 2cm } P { margin-bottom: 0.21cm } --> </style> <p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">Os rios na Índia não sao apenas cursos de agua. Sao cursos de agua que dao Vida, e por isso tendem a ser divinizados. Nao significa isso que tratem os rios com mais respeito que nós no ocidente. Antes pelo contrário. Com o tempo tudo tende a automatizar-se, radicalizar-se e tornar-se sem sentido. Como os indianos consideram os rios sagrados não se importam muito com a poluiçao que os contamina, porque o caracter sagrado, para eles, tem origem divina e independe das caracteristicas quimicas que uma qualquer analise demonstre! No ocidente, com os novos conhecimentos cientificos e as filosofias naturalistas e ecologistas pelo meio acabamos por respeitar e procurar proteger muito mais os nossos rios que aqui os indianos fazem com os seus. Mas isso é hoje, em que todas as culturas se influenciam mutuamente, se regeneram por fusao, e acabam por aprender e ensinar umas as outras. Mas antes, no passado, os indianos, nomeadamente os hindus, com a sua cultura cheia de deuses, muitos dos quais herdeiros de conceitos e culturas muito antigas, animistas e xamanicas, eles já tinham a sua forma de divinizar os diversos aspectos da natureza, e nomeadamente os rios. Assim, é muito comum que os sitios onde os rios de encontram uns nos outros, ou a foz dos rios, ou sobretudo as suas nascentes sejam considerados lugares sagrados, auspiciosos, lugares de peregrinaçao.</span></p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">De todos os rios, o mais famoso, o maior da Índa actual, é o Ganjes, ou melhor, <span style="font-weight: bold;">a Ganga</span>. </span></p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">Aqui faço um aparte para contar uma história que uma vez ouvi. As nossas calças de “ganga” devem o seu nome ao Ganga, pois o azul dos jeans seria a cor do Ganga... Não sei se é verdade, mas é possivel. </span></p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">Aqui em <span style="font-weight: bold;">Rishikesh</span> é um lugar especial da Ganga. É o lugar onde o Ganjes deixa os seus desfiladeiros de montanha, e já mais ou menos volumoso deixa-se desfilar pelas enormes planices do sub continente indiano. Logo, aqui é um óptimo lugar de partida para subir rio acima atrás das várias nascentes do Ganges, e nomeadamente do <span style="font-weight: bold;">Gangotri</span>, uma nascente directamente nos gelos das montanhas que, um pouco mais longe, já sao os Himalayas. Todas essas nascentes sao lugares sagrados, lugares de peregrinaçao, especialmente para sadhus e yogis, e quase todos eles têm templos e ashrams. Espero um dia poder subir rio acima e descobrir tudo isso pessoalmente.</span></p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">Entretanto não é preciso grandes <span style="font-weight: bold;">peregrinaçoes</span> para tomar um auspicioso banho no Ganges! Aqui em Rishikesh, cidade santa e onde o rio ainda é relativamente limpo e muito bonito, tomar um banho é ritual bastante comum. Se for as 4.30 da manha, no Brahmamurti, quando tudo está mais calmo, é considerado ainda mais auspicioso. Entrar na água gelada é um mini sacrificio, uma forma de honrar a mae ganga, uma outra forma de rezar, orar, purificar-se, gerar bom karma.</span></p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">Eu não sou hindu. Sou fascinado por alguns aspecto das culturas que aqui abundam, mas não sou hindu. Nem quero ser. E mesmo que quisesse, o facto de não ter educado aqui faz com que algumas coisas não tenham grande sentido para mim. Percebo-as intlectualmente mas não sao do coraçao. Assim, quando alguns conhecidos ocidentais têm a brilhante ideia de se levantarem as 4 da manha para ir tomar um banho ritual ao Ganges eu simplesmente passo. Não consigo entregar-me assim tao facilmente a um ritual ou cultura. Parece-me algo meio histérico, vazio de sentido, uma mini festa, uma colagem, daquelas tatuagens que em poucos dias desaparecem, um querer ser mais papista que o papa, ou neste caso mais hindu que os hindus.</span></p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">Mas não poderia deixar a Índia sem um banho no Ganges. Ainda mais estando aqui 2 meses ao lado do rio! Aproveitei que esta a ficar cada vez mais calor, aproveitei umas horas de almoço livres, aproveitei uns recantos absolutamente lindos e geralmente tranquilos que o rio tem aqui nalgumas das suas curvas, ainda não tomado pelas contruçoes, pelos ashrams, pelos hoteis, restaurantes e lojas. <span style="font-weight: bold;">Entrei, mergulhei,</span> até me deixei dar os 3 mergulhinhos tipicos que um indiano qualquer toma, daqueles meio saloios, de mao a tapar o nariz e os olhos fechados rsrsrsrs. Depois sequi-me ao sol forte enquanto leia mais um livro. Soube mesmo bem.</span></p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">Mas convenhamos que nem se compara a um <span style="font-weight: bold;">banho salgado, de atlantico,</span> numa das belas praias de Portugal. Isso sim é ritual, é purificante. É auspicioso!</span></p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">
<br /></span> </p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">
<br /></span> </p>
<br />Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4242296432075417762.post-63834521680270570312009-03-16T02:36:00.000-07:002009-03-17T05:16:38.904-07:00Os animais na Índia. A vaca sagrada e os macacos ladroes<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhmDf9DiCEzuplKnTJK58rKub5qN78CcaCc3W2XqFvxics4cs5OCMtb1yU_JrAFiFvXImX6miA0QJchcuuan2JGR0-LSvgbdFX_xeRTHeGKxv4S7aaJjDUTiAgsEmDbcGFOqhloJ6cqxA/s1600-h/PICT0501.JPG"><img style="cursor: pointer; width: 400px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhmDf9DiCEzuplKnTJK58rKub5qN78CcaCc3W2XqFvxics4cs5OCMtb1yU_JrAFiFvXImX6miA0QJchcuuan2JGR0-LSvgbdFX_xeRTHeGKxv4S7aaJjDUTiAgsEmDbcGFOqhloJ6cqxA/s400/PICT0501.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5313720237432346242" border="0" /></a>
<br /> <meta equiv="CONTENT-TYPE" content="text/html; charset=utf-8"> <title></title> <meta name="GENERATOR" content="OpenOffice.org 2.4 (Linux)"> <style type="text/css"> <!-- @page { size: 21cm 29.7cm; margin: 2cm } P { margin-bottom: 0.21cm } --> </style> <p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">No ocidente, ou pelo menos na Europa, esta Europa cada vez acéptica, os homens e animais vivem separados. Cada vez mais separados. Os homens nos sitios de pessoas, os animais nos sitios de animais. Em geral os animais estao no campo, ou pelo menos em casas e terrenos mais ou menos cerceados fora das cidades. Na Europa cada um tem o seu canto, bem demarcado. </span></p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">Na Índia não e assim. Ou pelo menos ainda não e assim, porque eles estao rapidamente a evoluir no nosso sentido em todos os aspectos.</span></p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">Na India os homens e animais vivem mais juntos, mais misturados. Habitam mais ou menos os mesmos sitios, sem grandes restricoes. As vezes competem, outras cooperam, outras ignoram-se, outras acarinham-se mutuamente. Disse-me uma amiga que aqui viveu uns meses, que em hindi, a lingua predominante entre os indianos desta regiao, não existe a palavra correspondente para “privado”. Não sei se é verdade, mas acredito. E pelo que percebo também se aplica aos animais.</span></p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">Que as <b>vacas sao sagradas</b> já sabia. Toda a gente sabe. Faz parte do folclore. Para eles, para os hindus mais propriamente, a vaca é uma mae, que dá leite, alimenta. Como dá Vida, tornou-se um simbolo de Vida, tornou-se sagrada. E claro, nao fossem hindus, há toda uma mitologia e teologia em volta da Vaca. Não tem quase nada a ver com o nosso actual conceito de ecologia. Tanto é assim que um bufalo, por exemplo, que não difere muito de uma vaca, já não é sagrado, e portanto pode matar-se e comer-se. Também não tem muito a ver com os conceitos, muitas vezes piegas, de vegetarianismo emocional, que muitos ocidentais adoptam e pregam por pena ou compaixao pelos animais. Uma pena e compaixao que muitas vezes não mostram quanto as pessoas. Aliás, um vegetarianismo que muitas vezes é parte de uma filosofia reacionária contra tudo o que é humano. Mesmo os indianos hindus, ao contrário do que eu pensava, não sao quase todos vegetarianos. Muitos sao, mas não sei se chega a ser uma maioria. Sei que muitos, mesmo hindus, comem galinha, porco, peixe. E há zonas da Índia onde esse consumo é generalizado. E até há movimentos ditos modernos, cientificos e racionalistas que fazem campanha para incentivar o consumo de carne, dizendo que a antiga aversao as carnes é um sinal de atraso, uma marca de tempos antigos, preconceitos de religiao que devem ser abandonados! No ocidente invocamos as mais modernas ciencias e filosofias para desestimular o consumo das ditas... Já os muçulmanos, também muito numerosos na Índia, só não comem suínos, porque o consideram o porco nojento. Os chineses, tibetanos e outros comem tudo! Enfim, só a vaca é que é protegida em quase todo lado, nem que seja para evitar confusoes! Não a carne, a vaca! De qualquer forma começam a ver-se currais para guardar as vacas. Não so para elas não andarem no meio das ruas a importunar o transito cad avez mas intenso, mas também para fazer uma exploraçao leiteira mais eficaz, e até porque aos poucos começam a implementar-se algumas leis sanitárias. Embora, diga-se, para um padrao europeu essas supostas leis sanitarias parecem ainda não terem começado a sequer ser conhecidas! </span></p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">Por mais meses que aqui passe ainda acho curioso ver as vacas a solta por todo lado. Andam, páram e dormem por todas as ruas, escadarias, pontes, becos... Só não apanham boleia dos rickshaws porque soa grandes demais senao... Mesmo assim já vi várias vezes indianos com cabras bebes ao colo num rickshaw! É curioso estar num restaurante e ver uma vaca a entrar com o nariz a ver se lhe calha alguma coisa. Em geral espantam-na sem mais. Mas ainda mais comum é ver a vaca a cagar directamente a porta do restaurante! E mais surreal ainda é ir a travessar uma ponte de pouco mai d e 1,5 de largura, onde peoes e motos se apertam e, lá no meio, está um touro enorme a dormir, como se nao fosse nada...
<br /></span></p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">As vacas nao estao sós nas ruas da Índia. <b>Macacos</b> também há muitos. Algumas pessoas veneram os macacos, sob a forma de Hanuman, o deus macaco, cuja teologia e mitologia também está disponivel na internet. Com os macacos cuidado. Eles vivem alienados do seu papel divino, sao quase tao espertos como um ser humano mas não têm preocupaçoes morais. Uma das forma mais comuns de conseguirem alimento é roubar! Mais propriamente sao especialistas em assaltos. Controlam algumas ruas a partir de uma qualquer arvore, ou os vendedores de frutas desde cima dos telhados e beirais, ou, ainda mais tipico, controlam as entradas e saidas das pontes. Quando alguém é estupido suficiente para levar comida à vista, ou pior ainda na mao, e especialmente se for uma mulher, os ditos macacos simplesmente assaltam o dito cujo. As vezes em grupo, em manobras bem estudadas. As vezes mordem, arranham, guincham! Se não fosse tao real até tinham piada. E tem mesmo...</span></p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">Também há <b>porcos</b>, por aí, soltos. Vivem com a familia suína, num qualquer beco, numa esquina, numa rua. </span></p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">Há todo uma outra série de animais, por aí, entre as casas e pessoas, nas cidades como nos campos. </span></p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">Mas há um animal que, não sei por quê, nao imaginava não Índia. Os <b>caes</b>! Não sei porquê nunca imagino muitos caes em países pobres. Não os comem e não dao leite, por isso para que os querem? Mas querem. Os caes estao presentes em todo mundo, junto aos humanos, e vivem as nossas custas. E não é só porque servm de guardas, ou para a caça. É sobretudo porque fazem companhia, comunicam, sao carinhosos. E na India não é diferente. Claro que aqui os caes não sao de raças apuradas, nem se alimentam de raçoes especializadas, nao tomam vacinas, não vao aos médicos, etc. Os bilioes e bilioes que gastamos no ocidente com os nosso caes de companhia, que na maioria dos casos sao doentes, sobretudo da cabeça, aqui seriam obviamente desviados para alimentar e curar outra especie mais necessitada, os humanos, nem que fosse para oferecer comida a um dos muitos deuses num ritual religioso qualquer. Mas nem por isso os caes aqui tem mal aspecto. Alias, alguns sao bastante bonitos e encorpados. Nesta altura do ano vê-se bastantes cachorrinhos de ninhadas recentes. Não os matam para ficar só com o mais bonitinho. Antes deixam que os mais fortes sobrevivam neste contexto onde a vida de cao não é tao fácil e esquizófrénica como no ocidente.</span></p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">Uma das coisas que acho mais curiosas é que <b>os animais aqui fazem parte do ciclo de limpeza</b>. Ou de <b>reciclagem</b>. Eles comem quase tudo o que é sobras dos humanos. Sobras e não sobras! As vacas por exemplo comem grande parte dos milhares de cartazes que afixam nas paredes! Não é só pela celulose do papel. É porque a cola sabe a doce! Frequentemente se ouve alguma vaca a tossir, ou a arrotar algo indigesto! </span></p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">É bonito, é engraçado, não é limpo, mas é curioso...</span></p> Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4242296432075417762.post-88702952819458191792009-03-10T03:39:00.000-07:002009-03-10T03:44:12.387-07:00A Índia pode ser viciante.<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnDS-52FyfI2fcG3dPLT1isiZOjYqlwYL0ATw2ql90Ofp2BEUwXkjjKriLkbu2pr48M7X4QZIoHV0mHahoDIttFsJ30OD1iSf9qutaUoRBrlLNcLxefwLkGkMWSSz69kwLFuvg72VR0Q/s1600-h/PICT0479.JPG"><img style="cursor: pointer; width: 400px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnDS-52FyfI2fcG3dPLT1isiZOjYqlwYL0ATw2ql90Ofp2BEUwXkjjKriLkbu2pr48M7X4QZIoHV0mHahoDIttFsJ30OD1iSf9qutaUoRBrlLNcLxefwLkGkMWSSz69kwLFuvg72VR0Q/s400/PICT0479.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5311508018276534754" border="0" /></a><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-size:85%;"><span style="font-size:130%;">Momentos de paz...</span><br /><br />Não admira que as pessoas se sintam bem por aqui. Isto ainda é relativamente pequeno, tranquilo, seguro e bonito. Pode ser realmente agradável. As pessoas estao de férias, longe das causas de stress e angústia, praticam yoga, fazem umas massagens, conhecem outras pessoas, nem sequer tem de se preocupar muito se estao com uns kilos a mais ou a menos porque as roupas que tendem a usar sao folgadas.... Quem não se sentiria bem assim? Ainda por cima é mais barato estar aqui de férias a praticar yoga, num hotel e a comer em restaurantes do que simplesmente viver a rotina normal em qualquer país da Europa!<br /><br />Na semana passada mudei-me para um hotelzito chegado à zona de Lakshmanjhula, a segunda ponte, mais a norte. Fica mais perto dos sitios onde estou a fazer aulas de manha e a tarde e é mais divertido, pois é por aqui que ficam a amioria dos turistas. Estava farto do ashram, da comida, dos horarios, dos sinos e mantras que me acordavam todos os dias às 4 da manha! E não se estava a passar lá nada. No fim desta semana volto para lá, para entao retomar os estudos com o segundo Camp, que é o o estudo do Vedanta a partir do texto Rama Guíta.<br /><br />Daqui a pouco mais de 2 semanas acaba-se a minha primeira viagem a Índia, e aos poucos já estou a ficar com vontade de cá voltar!<br /></span></div>Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4242296432075417762.post-10131462998434857332009-03-10T03:30:00.000-07:002009-03-16T03:08:11.442-07:00Diversidade na espiritualidade da Índia <meta equiv="CONTENT-TYPE" content="text/html; charset=utf-8"> <title></title> <meta name="GENERATOR" content="OpenOffice.org 2.4 (Linux)"> <style type="text/css"> <!-- @page { size: 21cm 29.7cm; margin: 2cm } P { margin-bottom: 0.21cm } --> </style> <p style="margin-bottom: 0cm; font-weight: bold;"><span style="font-size:180%;">Verdade ou verdades?</span></p><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">O que mais gosto na Índia, no “hinduismo”, e em particular no yoga é o facto de não ser uma cultura, e sim muitas. Muitas diferentes, até contraditórias. </span></p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">No ocidente, e particularmente na Europa, e mais gravemente na Europa mediterranea da qual Portugal é um prolongamento, nós fomos formatados durante muito tempo por uma verdade demasiado... monista. Um Deus, um salvador, uma igreja. Logo, uma verdade. Isso deixou sequelas. As pessoas ficaram formatadas nessa forma de pensamento único, mono. Ficaram marcadas com a ideia de uma verdade absoluta. Uma verdade, só uma, que excluí todas as demais. Com violência se for preciso. Nunca vi as coisas assim. Talvez por que fui exposto desde pequeno a influências muito diversas, talvez porque sou filho de um advogado, e fui estudante de Direito, e por isso sei que a verdade é algo que se discute, que alguém decide, mais ou menos arbitrariamente, por crença, ou por equidade, por interesse... Chamem-me relativista, não me importa. Para mim é quase um elogio. Cada homem tem a sua verdade, em cada momento. E se estamos absolutamente convencidos de algo, entao isso é verdade absoluta, para nós, pois afasta dúvidas e outras possibilidades de verdade. Para nós. Ou seja, a verdade é absoluta não porque seja universal, para todas as pessoas, mas porque é óbvia e evidente para cada um. “A verdade é aquela da qual temos consciência” nas palavras de DeRose. “Tudo está absolutamente certo”, digo eu. Isso para mim sao verdades absolutas. </span></p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">Voltando ao hinduismo, ás varias culturas que ali co-existem. O facto de haver tanta diversidade cultural chega a ser confuso e dificil para um ocidental que vai a procura de uma verdade ultima e singular. Mas na Índia culturas mais ou menos contraditórias coexistem dentro do próprio hinduismo. E co-existem de uma forma mais ou menos confortável. Porque nao Índia não existe só uma grande igreja dominante, um só papa. O que há sao milhares de seitas cada uma com um ou mais gurus, a maioria delas pequenas, portanto com pouco ou nenhum poder coercivo, e que se vêm obrigados a conviver com as outras 108 seitas e suas verdades. Aqui seita não é algo heretico e perigoso, porque não há um padrao que se imponha como verdade da qual dissidir. Ser diferente é algo comum, e as seitas, desde as micros às um pouco maiores sao a própria estrutura organizacional do hinduismo. Acho isso <span style="font-weight: bold;">maravilhoso</span>. Na Índia a verdade revela-se numa grande multiplicidade de formas, e é essa variedade que dá todo aquele colorido que me fascina. Não é uma cultura univoca, antes me abre um oceano de alternativas, possibilidades diferenciadas nas quais me posso perder e reencontrar várias vezes, e em ultimo caso, através das quais me posso perder e encontrar a mim mesmo. </span></p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">No caso do yoga toda essa diversidade revela-se em todo tipo de pormenores. As praticas recomendadas e realizadas sao do mais diverso, alternativo e até e contraditório. As filosofias que envolvem essas praticas também primam por uma riquíssima variedade. Dentro de uma corrente filosofica há sempre várias correntes discordantes, e sobretudo muitas interpretaçoes diferentes, seja dos textos que lhes servem de fonte, seja na forma de ensiná-los, seja na meta que tudo supostamente tem. Os professores que ensinam (os gurus) sao personalidades dos mais diversos. Há do tipo academico e intlectual e também analfabetos. Há os que vivem numa caverna aos que sao epicentro de um ashram, ou até de todo um movimento religioso, social e politico que move milhoes e milhoes. Desde o que fala muito, ao que permanece em silencio absoluto. Os extremamente bem humorados, e os sisudos e rigidos ao tipo militar. Há os humildes, os que se fazem humildes, e os que não sao humildes, ou pelo menos tentam não se mascarar de humildade! O ambiente natural, cultural e social em que tudo se processa também pode ser diversificadissímo. É muito normal um guru defender que o celibato é a melhor opçao para a evoluçao espiritual, e outro prescrever sexo como parte do caminho espiritual. Um vai exortar uma pratica fisica intensissima que o fará suar abundantemente, outro vai defender que isso é himsa (agressao) e antes deveriamos abandonar todas as praticas fisicas, no seu todo, porque elas vao distrair-nos da contemplaçao do espirito que fica para além das formas. Um professor vai dizer-lhe para concentrar-se no corpo, "open eye meditation frist", outro para sentar-se e cruzar as pernas e simplesmente observar a respiraçao por várias horas por dia, outro vai dizer que é melhor fazer auto estudo enquanto trabalhamos, outro dirá que so meditar no nome de Deus produzirá resultados, outro dirá que tudo isso é demasiado complicado e moroso, é melhor fazer meditaçao instantanea, a meditaçao do riso, "lets fake it until we make it", e outro ainda dirá que qualquer tecnica ou esforço de meditaçao é desnecessário e desaconselhavel porque nós já somos a iluminaçao que procuramos. Mesmo dentro de uma mesma escola de yoga é comum vários professores terem divergência de opinioes, seja quanto à interpretaçao e exposiçao de uma filosofia, seja quanto á execuçao ou ensino de uma técnica, seja quanto à relaçao a estabalecer entre professor e aluno, seja quanto a... tudo! Não é por acaso que dois mestres famosos nunca coincidem no mesmo sitio. Se um discipulo, ou co-discipulo, se destaca invariavelmente sai e vai formar a sua escola, o seu grupo, a sua seita, a sua verdade com mais ou menos variantes quanto a meios e fins. E seja lá qual for o ensinamento todos se dizem perfeitamente defendidos por uma imensidao de textos e gurus, sejam antigos ou modernos. E é muito comum cada guru acrescentarem o seu próprio texto à já muito extensa e rica coleçao que substancia os diversos aspectos do yoga e do hinduismo. Uns sao mais originais e acrescentam algo aparentemente novo, ou reformulado. Outros sao mais comedidos e acrescentam apenas a sua interpretaçao. Seja como for, em todos os lados, gurus e principalmente os seus zelosos seguidores assegurarao que o seu é o único, ou pelo menos o melhor, o verdadeiro caminho para Deus, para a iluminaçao, para a paz e felicidade, e tendem a ficar ansiosos e até beligerantes, ou pelo menos sarcásticos, quando se mencionam pontos de vistas divergentes e concorrentes. Mas é mesmo assim, geralmente não passa disso. Se não gosta dirija-se a outro ashram, a outro guru e pronto. Ou funde o seu...
<br /></span></p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">Tudo isto pode parecer loucura, algo tonto e pitoresco, como se fosse uma espiritualidade sem raizes nem rumo, perdida. Para quem vem a procura de respostas rápidas, certas, confiávíes, para quem tem falta de confiança e procura segurança isto pode ser um inferno. Ou uma soluçao fácil. Mas não é, nem uma coisa nem outra. Para mim é precisamente o ponto forte da Índia, do hinduismo e do yoga é haver várias fontes alternativas, e possibilidades para escolher, para exercer a liberdade, para nos podermos enquadrar conforme as nossas diferenças. <b>É como se a Índia, o hinduismo e o yoga fossem um Uni & verso, que contem a totalidade em si mesmo. Tudo já se especulou, experimentou, e continua a especular-se e experimentar-se continuamente, sem limites.</b></span></p> Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4242296432075417762.post-20551255303807887172009-03-10T03:27:00.000-07:002009-03-25T21:58:20.747-07:00Vedismo, nacionalismo e tradiçao na Índia<div style="TEXT-ALIGN: justify"><span style="font-size:85%;"><span style="font-size:130%;"><span style="FONT-WEIGHT: bold">A Índia e o hinduísmo contemporaneo</span></span><br /><br />Os hindus é um nome genérico para todos aqueles que não sao alguma outra coisa. Mas entre si não têm muita coisa em comum. Ou não tinham. Só os <strong>Vedas</strong>, e mesmo assim com algumas nuances. Até porque a esmagadora maioria dos hindus nunca leu ou se interessou pelos Vedas, nenhum deles, e não faz ideia do que lá se diz. A maioria da religiosidade popular nem sequer e baseada nso Vedas, e sim de tipo <strong>puranico</strong>. Aliás, durante muito tempo, até os <strong>Brahmanes</strong>, que supostamente seriam os defensores dos Vedas, o que fizeram foi sequestra-los, impedindo que mais alguém a eles acedesse. E o mais ridiculo é que até esses mesmo brahmanes muitas vezes esqueceram e ignoraram os Vedas! Decoravam-os, parcialmente, consuante a sub casta, mas nao se pode dizer que conhecessem os ditos Vedas. Mas falemos de hindus, e de Índia...<br /><br />Desde há cerca de 2000 que <strong>esses "hindus" não têm tido régio politico sobre o território agora chamado Índia</strong>. Esse poder politico tem sido dominado por budistas, muçulmanos (que dominaram grande parte do sub continente durante 7 séculos) e depois por cristaos de varias naçoes europeias. E o principal motivo que leva os ditos hindus (ou seja, as multiplas seitas que de alguma forma tem consideraçao pelos Vedas, e não sao, objectivamente, um ramo de outra religiao) a não terem tido poder politico consistente por tanto tempo é precisamente porque durante muito tempo não tiveram um minimo uniao religiosa, nem social, nem politica, nem linguistica. Esses hindus têm estado divididos por linguas, crenças e praticas religiosas, seitas, castas, costumes e reinos diversos. <strong>O maior feito do “hinduísmo” é a sua sobrevivência.</strong> E isso deve-se precisamente a essa mesma <strong>diversidade</strong>, <strong>dispersao</strong> e <strong>plasticidade</strong>, que permite que a cultura se adapte, absorva o choque com outras culturas, incorpore algumas das suas características e assim se já regenerando, por entre passos para trás e para a frente, voltando a recriar-se sempre que tenta voltar ás suas supostas origens. Foi assim com o <strong>budismo</strong> e o <strong>jainismo</strong> que de certa forma foram tentativas de restauraçao de uma cultura mais antiga sequestrada pelos brahmanes no periodo clássico. Foi assim com o tantrismo e com o advaita vedanta medievais, que procuraram voltar a uma cultura antiga, liberta tanto dos brahmanes como dos budistas, como dos muçulmanos. E esta a ser assim agora, desde o século XIX, quando <strong>o hinduísmo absorveu a influência do imperialismo europeu</strong>, nomeadamente britanico, e por isso ganhou orgulho nacionalista.<br /><br />A regeneraçao em curso, que vem desde os finais do século XIX (primeiramente impulsionada por Dayanand, que renegava o politeismo, o puranismo, o shivaismo, o shaktismo, o shikismo, o cristianismo, etc. em favor de um purismo vedico monoteista) tem, ironicamente, uma forte influência (reacçao e integraçao) tanto dos muçulmanos como dos cristaos imperialistas. Essa influência é <strong>a ideia fundamental de unidade</strong>. <strong>Uniao politica</strong>: um país, um Estado, e não variados rei, reinos, donos de terras, etc.. <strong>Uniao linguistica</strong>, através do hindi e sobretudo do inglês. <strong>Uniao social</strong>, com a dissoluçao do sistema de castas em favor de uma meritocracia do tipo ocidental. <strong>Uniao religiosa</strong>, através da dissoluçao e integraçao das crenças e praticas diversas das multiplas seitas, através de uma divulgaçao e popularizaçao dos Vedas e do vedismo, a “religiao dos Vedas” (e não dos brahmanes), uma religiao onde também está a ideia de que só há um Deus, sem forma, e que todos os demais deuses sao meros aspectos desse deus único e sua Criaçao. Esta ideia, hoje mais ou menos generalizada entre os hindus, é relativamente recente, é uma ideia propagada desde o século XIX pelos reformadores modernos do hinduísmo, que <strong>procuram criar uma uniao em todos os aspectos da Vida dos hindus</strong>. Até a forma de cumprimento tipico dos hindus, que variava de seita para seita, tem sido padronizada através do conhecido <em>namaste</em> (ou do concorrente <em>namaskar</em>), que é uma forma de cumprimento moderna, proposta por Dayanand no século XIX. <strong>Esta ideia de uniao é em si mesma politica e religiosa</strong>, e visa unir politica e culturalmente os multiplos hindus, dar-lhes orgulho e um sentido de pertença, um sentido de pertença comum. Dayanand, o pai reformador do Vedismo e nacionalismo “arya” moderno (ele preferia <em>arya</em>, nobre, do que hindu, já que hindu é uma classificaçao generica e algo depreciativa feita por estrangeiros) criou um slogan para unir e mobilizar os hindus: “uma religiao (e um só Deus), uma linguagem, uma nacionalidade”. Só assim os “hindus” poderiam deixar de ser submissos politicamente na terra onde sao maioria (e que agora dizem ser a "sua" terra), cerca de 2000 anos depois!<br /><br />A Índia como existe actualmente, essencialmente hindu, é, portanto, uma (re)construçao recente, onde vedismo e nacionalismo se apoiam e reforçao para (re)criar este novo monismo, a Índia. “Um” país, “uma” cultura, “uma” tradiçao.<br /><br /><strong>Falar de “tradiçao hindu” é algo que deve ser feito com muito cuidado</strong>, porque o próprio enunciar do termo tradiçao, neste contexto, tende a levar a enganos...<br /></span></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4242296432075417762.post-18592314550993034392009-03-08T07:12:00.000-07:002009-03-10T03:18:48.801-07:00Uma visita as quedas de água e um guru inesperado... <a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsGdcb7un1OvF7otW2h_8A3hyyXStw9dZAxYPaxFV4sRIhc2KxTKuJc8OvO-IqlSrw_tBW_t1XejCy41F7vX8R3hGftckL3impkSX8QyJBKZI4LllE-Iv9VubVXunRxTJtgyeWE-Moag/s1600-h/PICT0443.JPG"><img style="cursor: pointer; width: 400px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsGdcb7un1OvF7otW2h_8A3hyyXStw9dZAxYPaxFV4sRIhc2KxTKuJc8OvO-IqlSrw_tBW_t1XejCy41F7vX8R3hGftckL3impkSX8QyJBKZI4LllE-Iv9VubVXunRxTJtgyeWE-Moag/s400/PICT0443.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5310821632247537218" border="0" /></a>
<br /> <meta equiv="CONTENT-TYPE" content="text/html; charset=utf-8"> <title></title> <meta name="GENERATOR" content="OpenOffice.org 2.4 (Linux)"> <style type="text/css"> <!-- @page { size: 21cm 29.7cm; margin: 2cm } P { margin-bottom: 0.21cm } --> </style> <p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">Um dia juntei-me a um grupinho que ia ver umas quedas de água no monte, aqui a uns poucos Km a norte de Rishikesh. Quando o grupo se juntou finalmente eram um brasileiro e uma brasileira que já conhecia, um casal de lituanos, um holandês e uma holandesa (que não se conheciam), duas japoneses e eu. E um indiano. Todos conheciamos alguém do grupo, mas quase ninguém conhecia sequer metade do grupo todo. Coisas de viajantes.</span></p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">As quedas de água em si não têm nada de especial. Sao agradáveis, dá para tomar um banho, tem boas vistas e e tal mas...</span></p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">O que gostei foi de conhecer o indiano, que se chama a si mesmo Vince! Quando o conheci estava no seu quarto, no mesmo local que o meu amigo brasileiro. A música berrava Eminem! Apareceu de estilo rapper de praia ocidental. All Star e tudo. Primeira coisa que fez foi puxar um cigarrinho do seu paquete de Marlboro. Começou logo a fazer de guia, com trejeitos de playboy engatatao pelo meio. Creio que terá entre 25 e 30 anos, não estou certo. Passado uns dias ia para Madrid, Espanha. Tem uma namorada lá. O que vai lá fazer? Dar aulas de yoga claro! Nos primeiros 5 minutos já estava quase a declarar-lhe mentalmente nojo perpetuo, porque eu tenho a mente aberta e tolerante, mas não tanto. Também tenho os meus preconceitos e dou-me todo direito a tê-los. Naturalmente procurei outras companhias. Infelizmente as japonesas não sao muitas boas para conversar, porque como de costume não falavam grande coisa de inglês, e já estou a ser simpático, porque elas também eram. Os brasileiros e holandeses sao mais acessiveis.</span></p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">Entretanto, lá em cima nas cataratas, enquanto o pessoal se banhava (eu não me misturo neste tipo de banhos publicos, especialmente com a água tao gelada! rssrsrrs), estava eu na conversa sobre yogas e tal com o Vicent (o Holandês) e o Vince ( o indiano) juntou-se a nós. Eis que o gajo se começa a chibar. Afinal era um ex adepto da ISKCON (vulgos “Hare Krishna”), que tinha sido criado dentro da seita (seita aqui não tem sentido pejorativo, pois todos os grupos “espirituais” sao mais ou menos pequenas seitas...) desde muito pequeno. Foi literalmente adoptado e criado pelo grupo. Os “Hare krishna”, para quem não sabe, sao um grupo devocional criado por um indiano emigrado nos EUA, e que tem como base a devoçao a Krishna, o estudo da Bagvad-guita, com o intuito de iluminar o mundo através da consciência de krishna, blá blá blá. Sao um grupo relativamente grandito e presentes em todo mundo. Até na Índia estao! Um dos Beatles foi durante bastante tempo devoto deles, ou pelo menos colaborou com eles, inclusive com doaçao de parte do testamento. Eles ficaram muito famosos (má fama, diga-se) pela forma extravagante como se apresentavam publicamente no ocidente (cabelo rapado e roupas laranjas) cantando pelas ruas o seu famoso mantra: “Hare Krishna”. Pessoalmente simpatizo com eles. Sao opimos no mantra, e tem sempre um restaurante vegetariano aberto e barato em quase todas as principais cidades do mundo. E dao um colorido ás nossas cidades. Colorido cultural também, diversidade. Claro que esta é a minha visao, de quem vê de fora, de quem só vê o colorido e saboreia a culinária sem compromissos. Assim todos estes pequenos grupos “espirituais” de inspiraçao hindu que abundam tanto no oriente como no ocidente sao bastante divertidos.</span></p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">Quem pertence aos grupos, os adeptos profissionais, os que vivem para esses grupos e os sustêm, acabam por ter sempre outra visao. Porque o grupo (os “espirituais” como qualquer outro tipo) dá, mas também pede. E em geral pede primeiro, e pede mais do que dá. Em geral é preciso ficar bastante tempo e jogar bem dentro dos grupos (mais que competencia é a lealdade canina e a habilidade nas Relaçoes Publicas que conta) para que o saldo comece a reverter. E para a maioria a compensaçao é simplesmente o orgulho e satisfaçao de pertencer e contribuir para a “obra”. E é de obrar que se trata. Essencialmente suster o grupo envolve trabalho, bastante trabalho. Envolve sentido missionário, compromisso, fidelidade, lealdade, idealismo, conviçao, fé, disciplina, entrega, renuncia, etc. Envolve questoes hierarquicas, com os seus abusos e desvios écticos tipicos. Envolve dinheiro. Tende a envolver amizades e amores, e inimizades e desamores. Envolve TUDO. Envolve tudo isso misturado. Ou seja, tende a ser... absolutista, complicado e pesado. E muitas vezes uma pessoa vê-se embrulhada no meio de tanta hipocrisia, politiquice e problemáticas das mais profanas e corriqueiras que chega um momento em que se pergunta: o que raios faço aqui?! Passado um tempo, de questionamento e duvidas, muitas vezes a resposta a si mesmo é negativa: não acredito nisto; não quero isto; perco o meu precioso tempo. Muitos sentem-se enganados, traidos. E isso gera revolta. E voltam-se contra aquilo que antes tanto amaram e apoiaram. Há uma especie de periodo de nojo, em que se renega tudo, uma especie de vómito de algo estragado e ou mal digerido. As vezes esse vómito deixa uma azia continua, para o resto da vida, como um veneno que ainda está lá.Enfim, como em todas a organizaçoes, há os satisfeitos, mais ou menso satisfeitos, pro mais ou menos tempo, e há os outros. Neste caso, das organizaçoes "espirituais", como envolve um grau elevado de idealismo, em geral tudo se mantém mas sou menso bem se a pessoas ACREDITA. E se as contas sao pagas, claro...
<br /></span></p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">Voltando ao assunto, o Vince, foi precisamente isso que se passou com este micro heroí desta micro história. Ele deixou de acreditar e está em periodo de nojo em relaçao à ISKCON. O fumar entra aí. Não consegue admitir comer carne de vaca (“the cow is my mother”), ainda tem bem presente os ensinamentos mais ou menos tradicionais que lhe inculcaram desde pequeno na seita, está consciente que como professor de yoga está em prevaricaçao (ou seja, vai ensinar o que não faz, como por exemplo não fumar, etc), mas não está muito preocupado. Assume as suas contradiçoes e hipocrisias. Até declara abertamente que só vai dar classes de yoga em Espanha para ganhar dinheiro, o que me fez perceber que não conhece bem a mentalidade dos ocidentais e espanhóies, que não estao preparados para tanto sentido pratico nestas questoes. Mas a mim esta atitude caiu-me muiiittto bem. Afinal, conheço muitos professores de yoga que também não não fazem o que ensinam, mas não têm coragem de admitir, alguns nem para si mesmos. Conheço tantos yogins que andam por aí a querer guiar os demais apesar de estarem tao perfeitamente perdidos como os que pretendem guiar. Pelo menos o Vince esta a começar bem, com <b>Satya, com Verdade para consigo mesmo. E isso é a base de tudo.</b> Actualmente a sua <b>filosofia de Vida é mais ou menos esta: no gurus, no organizations. Just listen to your self, known yourself, trust yourself, make your one decisiones, be your self, right here right now. Your are responsable for your karma anyway... </b>Embora eu não esteja a passar por nenhum periodo de nojo, pois o meu relacionamento com gurus e organizaçoes “espirituais” tem sido em geral positivo, acho que compreendi bastante bem o Vince, porque em parte me identifico. O que ele estava a dizer pareceu-me menos pretensioso, mais corajoso, verdadeiro, realista e importante do que mil e um discursos idealistas, alienados e até surreais que eu tenho ouvido de mil e um gurus um pouco por todo lado. É caso para dizer que afinal aprendeu alguma coisa com o seu ex grupo. Para quem quer aprender, até um pouco de veneno serve...</span></p><div style="text-align: justify;"> <span style="font-size:85%;">
<br />
<br /></span></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4242296432075417762.post-57370052694161071092009-03-03T01:57:00.000-08:002009-03-03T02:07:48.316-08:00Dia a dia em Rishikesh<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi77s_UA_caxFQZC5E6DPk1Vj32GwpiIe0GF5MT1W0yVnhROkaE-PEwl7MdR2D3KCfPPwBnS-tZkQQiLazNu1yd0braP9iv9ScuJef0Gs3Uhc76TSDRhvte2oVrDZR5QQJp-QTevYKqJA/s1600-h/PICT0403.JPG"><img style="cursor: pointer; width: 400px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi77s_UA_caxFQZC5E6DPk1Vj32GwpiIe0GF5MT1W0yVnhROkaE-PEwl7MdR2D3KCfPPwBnS-tZkQQiLazNu1yd0braP9iv9ScuJef0Gs3Uhc76TSDRhvte2oVrDZR5QQJp-QTevYKqJA/s400/PICT0403.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5308901084492028434" border="0" /></a><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">O primeiro curso de Vedanta acabou há precisamente uma semana, no outro Domingo. E para o próximo faltam quase duas semanas. Inicialmente tinha previsto aproveitar este descanso de 3 semanas para viajar mais aqui na Índia, a algum sitio no Himalayas, ou lá perto. Tinha pensado em ir a Dharmashala, onde vivem os tibetanos refugiados do Tibete, nomeadamente o Dalai Lama, que fica ainda mais a norte, não muito longe daqui, faz-se a viagem em menos de um dia. <span style="font-weight: bold;">Mas entretanto apeteceu-me mais ficar por aqui mesmo, a praticar, a estudar, estável, que está-me a saber bem. </span>A Índia é muito grande. Tem quase tanta coisa para ver como a Europa inteira, é um sub-continente. Por isso não daria nunca para ver tudo. Prefiro ver agora um pouco e <span style="font-weight: bold;">assentar a aprender algo a sério aqui</span>. Outra vez verei um pouco mais.<br /><br />Está-se particularmente bem aqui em Rishikesh, que é pequeno e bastante ao norte. Está a aquecer, mas está seco, o que ajuda. Não vale a pena trazer casacos para cá. Basta uma camisola mais quente, para a madrugada ou alguma noite mais ventosa. Está parecido ao Verao português. Só que o Verao a sério aqui é muito mais quente, e ao mesmo tempo chove. Chove muito, é a epoca das chuvas. Não quero cá vir me Maio ou Junho. Além do calor intenso tornar tudo mais desconfortável, dizem que, junto com a humidade, cria um ambiente propicio a criar todo tipo de virus e bactérias, e por isso também aumenta o perigo de contrair doenças variadas... Como sou calorento já estou a achar quente demais, mas ainda está bastante confortável. Dá até para tomar uns banhos nas praias do Ganga, o que os hindus consideram bastante auspicioso. Só que a água é gelada, não é muito limpa, e ainda por cima não é muito comum ver gente despida nas ruas, mesmo homens, embora homens em tronco nu a tomar banho no rio não seja mal visto. Mas ainda não me estreiei. Amanha vou a umas cachoeiras uns Km rio acima e talvez me aventure por lá...<br /><br />Entretanto <span style="font-weight: bold;">tenho praticado muito. Duas vezes por dia</span>. Uma vez faço eu mesmo a minha pratica, outra vou a algum lado fazer com algum professor. Tenho feito umas praticas bastante intensas e começo a sentir o meu corpo a ganhar vida outra vez. Ás vezes também fico bastante cansado. 3 horas por dia de pratica, em média, mais quase outras tantas a caminhar, cansa. Quando não pratico passeio, vou visitar outro ashram, ou algum tempo, ou leio, ou fico na conversa com alguém. De qualquer forma aqui não acontece absolutamente nada depois das 10 da noite. Aliás, é bastante normal já estar tudo nos quartos, e talvez a dormir, por essa hora. E não há TV! Por isso também se acorda cedo. Ás 4horas da manha (!!!) o ashram ao lado toca para acordar para o primeiro pujá do dia, ás 4h30! Neste ashram o primeiro é as 5h. Não dá para não acordar. Eu tento voltar a dormir e volto a acordar por volta das 6.30, 7...<br /><br />Aqui no ashram está tudo calmo. A maioria dos cerca das 250 pessoas que estiveram no primeiro curso foi-se embora, a fazer as suas vidas. Outros foram viajar. E outros, como eu, cá estao, a espera do curso seguinte, ainda a praticar e estudar, mas num ritmo mais tranquilo e autonomo.<br /><br />Descobri que a <span style="font-weight: bold;">comida no ashram</span>, quando não está a haver nenhum curso e há menos gente, passa de ser monotona a ser...sempre igual! Já não tomo o pequeno almoço aqui há mais de uma semana. Prefiro comprar sumos e fruta e comê-lo no quarto. No refeitório não servem fruta nehuma, pois é (mais) cara. Só arroz, um guisado à base de batata com lentilhas ou ervilhas, chapata (pao espalmado tipo panqueca) e um caldo picante. Todos os dias. Entre refeiçoes há chai (chá indiano, ou seja, chá com leite). De vez em quando almoço ou janto fora. Por dois euros aqui come-se muito bem num dos muitos restaurantes dirigidos a turistas. Entretanto está a ocorrer um curso de yoga de 2 semanas aqui no ashram, pago e bem pago (cerca de 1500 euros por 2 semanas) no qual estao presentes uns 40 ou 50 europeus, americanos e asiáticos. Embora seja no ashram não é bem uma actividade do ashram, é apenas um curso nas instalaçoes do ashram no qual algum swami dá uma aulita de sanscrito e vedanta. Já tinha reparado que num curso de yoga que houve antes do meu primeiro curso de vedanta que para os praticantes estrangeiros de Hatha yoga (leia-se “yoga essencialmente á base de técnicas corporais”) eles até separam e diferencias as refeiçoes, com o cardápio a ser mais diversificado, rico e nutritivo. Realmente só mesmo um monje renunciante é que é capaz de achar satisfatório viver com aquela raçao diária tao monotona, com tanto hidrato de carbono e com pouco de tudo o resto. Ou entao sou eu que estou mal habituado. Ou bem...<br /><br />Por cá está tudo bem. Óptimo mesmo. Ás vezes fico com saudades, mas em breve já estou aí outra vez. Ainda mal passou um mês desde que cheguei e parece muito, muito mais.<br /><br />A minha mae mandou-me uma frase do Miguel Torga bem bonita: “</span>«<span style="font-weight: bold;">transpor as fronteiras uma a uma é morrer sem nenhuma</span>»<span style="font-size:85%;">”. Viajar é bom.<br /></span></div>Unknownnoreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4242296432075417762.post-43026934769623636242009-03-03T01:53:00.000-08:002009-03-03T01:56:39.713-08:00Templo a Nihilkanta – o Shiva “garganta azul”, e um fetiche ecologico <a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-f7Z2MdxfNBzi_qOU2Kxw8CdRovk8YIsRZN91j3ydFTT6r3GGcezl-_NOFN7YssSLU5yGIrn1AiGsA1aFKiY_ukYGhgEB1sT94jy7dPpSTXwrNFEzTJ-QWC29Sn5xBngDGg8waeip0Q/s1600-h/PICT0423.JPG"><img style="cursor: pointer; width: 400px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-f7Z2MdxfNBzi_qOU2Kxw8CdRovk8YIsRZN91j3ydFTT6r3GGcezl-_NOFN7YssSLU5yGIrn1AiGsA1aFKiY_ukYGhgEB1sT94jy7dPpSTXwrNFEzTJ-QWC29Sn5xBngDGg8waeip0Q/s400/PICT0423.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5308898073627316002" border="0" /></a>
<br /> <meta equiv="CONTENT-TYPE" content="text/html; charset=utf-8"> <title></title> <meta name="GENERATOR" content="OpenOffice.org 2.4 (Linux)"> <style type="text/css"> <!-- @page { size: 21cm 29.7cm; margin: 2cm } P { margin-bottom: 0.21cm } --> </style> <p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">Aproveitando a ida de um grupo de brasileiros que conheci ao dito templo, tomei boleia. Boleia a...pé! 8 Km a maior parte a subir a montanha ingreme até descer um pouco já do outro lado e finalmente encontrar o templo, numa pequena vilória de montanha. O templo é dedicado a Nihilkanta – o Shiva “garganta azul”. Quem quiser saber mais pode consultar a net (wikipedia) e lá lerá tudo e mais alguma coisa sobre os mitos referentes a este aspecto de Shiva. </span></p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">Nós fomos a pé, mas dava para ir de carro ou mota, por trás, contornando a montanha. Mas assim é mais bonito, e pode-se contemplar o rio e Rishikesh toda de cima. Mas sao cerca de 4 horas, sempre a subir! E nós, por ideia do guia dos brasileiros, pusemos em pratica a brilhante ideia de fazer um pouco de limpeza na montanha. Levamos sacos grandes e enchemo-los de plásticos que encontramos pelo caminho. Escusado está de dizer que não limpamos nem 1% do lixo que havia no caminho, que é muuuiitttooo, como em todas as partes da Índia. Mas nao deixa de ser uma acçao bonita, conscienciosa. E cansativa, muito cansativa. O pior era quando passavamos pelos indianos que nos olhavam pasmados. Não entendiam. Nem mesmo quando perguntavam e explicavamos que estavamos a limpar a montanha. Não entendiam. Está fora do alcance deles. Aqui não há caixotes de lixo, manda-se tudo para o chao. Mesmo que a montanha, ribeiro ou rio sejam sagrados. Aliás, parece-me que o raciocinio deles é ao contrário: se é sagrado façamos o que façamos não podemos nunca sujar, porque é em si mesmo puro. E portanto mandam lixo para o lado, para o chao, para o ribeiro que passa, mesmo que seja o mesmo ribeiro onde vao buscar agua para fazer o chá e cozinhar! </span></p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">O mais ridiculo é que alguns burocratas lembraram-se de considerar esta parte da montanha e sua floresta uma reserva protegida. Logo expulsaram os poucos sadhus (os renunciantes, yogis) que ali viviam em grutas, em alguns casos há décadas, numa tradiçao que terá talvez milénios. Mas não podia ser... No entanto permitem barraquinhas de comes e bebes monte acima, para vender coisas aos peregrinos. E essas barraquinhas sao nojentas e contribuem para sujar mais toda a area. Enfim, coisas que nem os deuses indianos podem explicar e resolver. Se é que há alguma coisa a ser percebida e resolvida! É o que é.</span></p> <p style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></p> Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4242296432075417762.post-83083658846092045572009-03-03T01:47:00.000-08:002009-03-03T01:52:36.275-08:00O Sadhu que viveu 40 anos numa gruta! <meta equiv="CONTENT-TYPE" content="text/html; charset=utf-8"> <title></title> <meta name="GENERATOR" content="OpenOffice.org 2.4 (Linux)"> <style type="text/css"> <!-- @page { size: 21cm 29.7cm; margin: 2cm } P { margin-bottom: 0.21cm } --> </style> <p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">Na Índia os gurus (professores e ou mestres) tendem a ser reverenciados. Boa parte dos gurus sao swamis, monges renunciantes, que só por sê-lo tendem a ser considerados homens santos, a quem se respeita, porque sao homens que deixaram tudo o demais para se dedicarem apenas e só a buscar o conhecimento de si mesmos. Destes, alguns swamis, sadhus, sao considerados iluminados. Não há nenhum medidor de iluminaçao objectivo. Como é obvio é tudo bastante subjectivo. Mas alguns destacam-se, ganham fama, sao procurados para ensinarem, aconselharem, etc. O mais comum é que sejam <b>cumprimentados com uma reverencia que consiste em</b> ajoelhar-se, tocar os pés, eventualmente até beijá-los, e cumprimentar com as maos juntas a frente do peito com um namaskara (saudaçao, tipo “bom dia”, ou “bom dia excelentissimo guru”, algo do genero...), mostrando admiraçao, respeito, carinho, submisao, humildade, etc. Para um indiano isso é muito natural. Tao natural que fazem-no com a facilidade com que nós damos um aperto de mao. Mas para ocidental fica menos natural. Especialmente em tempos em que se valoriza tanto o individualismo, o orgulho, a vaidade, o ego. Para mim não é natural e por isso não ccumprimento assim ninguém. Mas na passada terça feira fui com um grupo que conheci conhecer <b>um sadhu que viveu 40 anos numa gruta da montanha aqui em torno ao Ganga em Rishikesh. 40 anos numa gruta!!!</b> O velhinho é magrote, tem cara humilde e ainda por cima estava preso a uma cadeira com uma perna partida. Não tem nenhum ashram, nem estrutura, nem gente a segui-lo e apoiá-lo. De repente, a este tipo até pareceu normal fazer o tradicional cumprimento de tocar os pés...</span></p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">Chegamos e sentamo-nos a volta dele. Ele estava pronto a responder a qualquer coisa que lhe pedissemos. E o primeiro que quisemos saber foi a história dele...Depois de atender o telemóvel lá nos começou a contar e responder. Sim os sadhus, supostamente renunciaram ao mundo mas a maioria tem telemóvel! Adiante...</span></p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">Lá ficamos a saber como desde pequeno teve inquietaçoes religiosas, filosóficas, espirituais. A certa altura decidiu abandonar tudo para procurar as respostas ás questoes existenciais que tanto o perseguiam. Essa busca trouxe-o a Rishikesh. Aqui acabou por encontrar um guru que vivia numa montanha e que acabou por se tornar o seu guru. E lá ficou a viver, na mesma gruta. 40 anos! Chegou por volta de 1960, quando Rishikesh já era relativamente famosa pelos yogis e sadhus que a frequentavam e que por aqui viviam. Mas em 1960 ainda quase não havia estradas, nem pontes, nem ashrams. Turistas e mesmo peregrinos indianos eram pouquissímos. Logo não havia hoteis, lojas, etc. Isso só começou 10 e 20 anos depois. Os poucos sadhus e yogis que cá viviam em geral acolhiam-se em grutas ou kutirs (tipo palhotas), ou ao pé do rio, ou algures mais acima já na floresta da montanha. Ainda havia tigres nessa florestas, e ás vezes apareciam no rio para beber agua... Imagine-se o cenário! Entretanto o mundo mudou. Rishikesh mudou. Há várias pontes e barragens norte e sul de Rishikesh. E, absurdo, algum burocráta resolveu declarar que a floresta à volta de Rishikesh, nas montanhas que a cercam, deveria ser declarada reserva protegida. Até aí tudo bem, pois essa floresta está mesmo a desaparecer, e a ser invadida por construçoes ilegais e lixo de vendedores ambulates, etc. Mas alguém tem feito alguma coisa para limpar a montanha, ou pelo menos impedir que fique mais suja? Não. Mas <b>tiveram abrilhante ideia de expulsar todos os sadhus que ali viviam! Em alguns casos viviam ali há decadas. Em alguns casos em grutas habitadas por yogis há séculos! Que grande mal é que estes yogis faziam a montanha? Nenhum.</b> Mas foram expulsos. Um deles foi este velhinho que fomos conhecer. Por sorte dele um hotel junto ao rio acolheu-o. Ele vive lá. E é lá que recebe as suas visitas, de yogis e ou turistas como eu que lá vao para perguntar-lhe coisas sobre o yôga, ou sobre a Vida, sobre Deus ou sobre qualquer coisa. E foi o que o nosso grupo fez. E, claro, no fim deixamos o dakshina (básicamente, o pagamento).</span></p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">Aqui deixo algumas frases que escutei e gravei...</span></p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"> </p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">(atençao que o contexto cultural é outro, e por isso as mesmas palavras não têm necessáriamente o mesmo significado)</span></p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">Palavras de <span style="font-weight: bold;">Swami Shankar Das</span>, um yogi que viveu 40 anos numa gruta!</span></p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">“Deus é como um espelho: quando nos colocamos diante de Deus vêmo-nos a nós mesmos!”</span></p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">“Deus conhece todos os nossos pensamentos, e todas as linguagens, e todas sao dispensáveis para comunicar com Deus. Qualquer comunicaçao é entendida por Deus, porque é sempre Deus a falar consigo mesmo.”</span></p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">“Antes (de ser iluminado) via Deus fora de mim, fora das pessoas. Agora vejo Deus em todas as pessoas. Tudo e todos estao conectados.”</span></p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">“Yoga é aquele que é capaz de juntar aquilo que parece separado.”</span></p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">“Yoga significa que ambos somos o mesmo.”</span></p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">“Ás vezes o yogin vai praticar mas com a motivaçao errada. Quer alcançar um corpo muito bom, ficar cheio de energia, mais concentrado e inteligente, etc. Ás vezes obtém tudo isso. Ou pelo menos convence-se disso. Mas como isso vem do ego e é para o ego, como a atitude é o égoísmo, o yogin não obtém exito (iluminaçao).”
<br /></span></p><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">P: É fácil estar estável e "bem" aqui, em Rishikesh, de férias, a praticar yoga, sem pressoes. Mas e como manter este estado numa grande cidade, sob o stress do trabalh</span><span style="font-size:85%;">o, com a poluiçao, etc? "R: Vai para onde for necessário, pratica yoga, estuda e ilumina-se. Entao nao importa onde se vive..."
<br /></span></p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">P: Para quê continuar, qual a sua motivaçao de viver se já encontro Deus que era a meta que tinha na Vida? R: “Ainda tenho desejos. Tenho o desejo de viver mais anos.”</span></p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">“ Quando o yogi pensa que já se iluminou e não precisa de mais ninguém, que não precisa de mais gurus, que não precisa aprender mais, entao pára. Pára de conhecer. Mas o yoga nunca acaba, nunca deixamos de aprender, mesmo “iluminados””.</span></p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">“A vida pode ser dificil para quem não a entende, mas é divertida se a conhecemos. É como um drama, um teatro, um filme. E é bom ter papel nesse teatro, mesmo que pequeno.” </span></p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;"><b>Não é preciso ir viver para uma gruta para chegar a esta filosofia de Vida, mas para ele funcionou...</b></span></p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">
<br /></span> </p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">
<br /></span> </p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">
<br /></span> </p><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">
<br /></span> </p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;">
<br /></div><p style="margin-bottom: 0cm;"> </p> <p style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></p> Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4242296432075417762.post-35768580117288247672009-03-03T01:38:00.000-08:002009-03-03T01:41:14.103-08:00Festividades: Shivaratri <meta equiv="CONTENT-TYPE" content="text/html; charset=utf-8"> <title></title> <meta name="GENERATOR" content="OpenOffice.org 2.4 (Linux)"> <style type="text/css"> <!-- @page { size: 21cm 29.7cm; margin: 2cm } P { margin-bottom: 0.21cm } --> </style> <p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">Ontem à tarde participei de uma celebração muito especial aqui em no templo do ashram em Rishikesh. Foi a celebração do <span style="font-weight: bold;">MahaShivaratri</span>, uma das principais datas religiosas para os hindus. Neste caso numa segunda feira, pela primeira vez em muitos anos. A segunda-feira é dedicada à lua, e por essa razão é o dia que se relaciona ao deus Shiva. A data foi considerada pelos indianos como especialmente auspiciosa. Desde as 4.30 da manha que havia devotos (e curiosos como eu) a manter o mantra principal: “Om namah shivaya”. Mais tarde seguiu-se o ritual própriamente dito com muitos cantos védicos e o puja do lingam com leite de coco, frutas, etc, na camara interna do templo. Nas ruas via-se mais gente que de costume. Especialmente mais indianos. Muita gente tomou banho no Ganga, alguns logo as 4.30 da manha, uma hora considerada especialmente propicia, pois é a hora do Brahmamurti, onde tudo é mais sereno. Embora seja uma festividade marcadamente religiosa, para alguém como eu que procura conhecer mais da cultura hindu e do ambiente em que essa cultura acontece, foi um momento especial. Até proque estes rituais, embora longos, tendem a ser bastante animados devido aos mantras. Até o Swami Dayananda participou alegremente, fosse puxando os mantras, fosse tocando o seu tamborzinho... Isso tudo pelo meio de entrevista para a TV, entrevistas pessoais a devotos, discipulos e alunos que o requisitavam, etc.</span></p> Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4242296432075417762.post-28361334223986010712009-02-22T05:51:00.000-08:002009-02-22T05:58:53.929-08:00Ajuda a nevegaçao 3<span style="font-size:85%;">Outra vez...<br /><br />Tenho estado pouco tempo na internet. Mas escrevo sempre o meu <strong>diario de viagem</strong>. Assim, que vou publicar menos vezes, mas talvez aos magotes!<br /><br />Podem ler tudo fazendo <strong>scroll</strong> na pagina, ou simplesmente <strong>aproveitar estes links para clicar e ler na ordem cronologica.</strong> Depois basta carregar em "<strong>pagina inicial</strong>" (ou "<strong>home</strong>"), no fundo do articulo-pagina, e voltar a pagina inicial.<br /><br /><a href="http://aminhaviagemespiritual.blogspot.com/2009/02/rishikesh-os-yogas-o-ashram-o-estudo.html">Rishikesh, os yôgas...</a><br /><br /><a href="http://aminhaviagemespiritual.blogspot.com/2009/02/vida-de-ashram.html">A vida de ashram...</a><br /><br /><a href="http://aminhaviagemespiritual.blogspot.com/2009/02/coisas-da-india-conduzir-e-apitar.html">Coisas da Índia: conduzir a apitar</a><br /><br /><br />(Ignorem essa coisa que aparece sempre no fim de todos os textos a dizer "Leia o artigo completo CLIC". Essa funcionalidade nao esta a funcionar...)</span>Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4242296432075417762.post-74455032060224963122009-02-22T05:41:00.000-08:002009-03-10T03:23:02.669-07:00Coisas da Índia: conduzir e apitar!<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTqPep0Qsit2r79KB0rUVBkUy2bAwDgdOejw6alNYT1YVFUlgqPTPDxhdxiYb7De15VlvsnsJjsRS8Us3J7JYrpS2BfvbMhuMRu38gOCeGxLNtLHhUnZs3a89A7JWlS-wC7geocPKeng/s1600-h/PICT0203.JPG"><img style="cursor: pointer; width: 400px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTqPep0Qsit2r79KB0rUVBkUy2bAwDgdOejw6alNYT1YVFUlgqPTPDxhdxiYb7De15VlvsnsJjsRS8Us3J7JYrpS2BfvbMhuMRu38gOCeGxLNtLHhUnZs3a89A7JWlS-wC7geocPKeng/s400/PICT0203.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5305618486731123266" border="0" /></a><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">O conceito de higiene, limpeza e poluiçao que temos na Europa não se aplica na Índia. Aqui tudo éende a ser muito mais poluido e sujo. O lixo nas ruas nem em Napoles seria concebivel! Junto ao mau funcionamento do saneamento (se é que existe) pode criar cheiros abjectos nas ruas. A poluiçao visual também é grande, com mil e um anuncios, de todo tipo de coisas, tudo bastante colorido e com pouco cuidado no design. Mas, para mim, a poluiçao que me fere mais, e fere muito, é a poluiçao sonora. Na Índia, como na maioria do países do médio oriente, buzina-se muito! Mmmuuiiiitttttooooo!<br /><br />Na Europa considera-se falta de educaçao buzinar. Considera-se que quanto menos som produzimos melhor, mais bem educados (excepto música, claro). Na Europa só se buzina para sinalizar uma situaçao limite, perigosa. E se o buzinar é intenso, prolongado ou repetido o mais provavel é que o condutor esteja muito vermelho, zangado, stressado, e prestes a sair do veículo e dissolver o stress com uma bela discussao, que pode chegar a vias de facto! Aqui não. Aqui buzinar é comunicar. É falar. É dizer, estou aqui. Só isso. Eles buzinam muito, mas nem chegam a stressar por isso. Simplesmente continuam nas suas meditaçoes ou conversas, conduzindo caminho adiante. E é bastante normal que um a moto ou rickshaw se adentre por qualquer rua ou recanto, as 4 ou 5 da manha, com aquele barulho infernal que eles fazem so por estar a trabalhar, e ainda apite. Por está lá, existe.<br /><br />Não há passeios. Os peoes andam na estrada. Na melhor das hipoteses na beira da estrada. Até se for a “auto-estrada”! Aliás, não sao só as pessoas. Também as vacas, caes, macacos, porcos, cabras, bufalos, burros, elefantes se houver... Na Europa os peoes têm prioridade. Aqui ter mota é motivo de orgulho. Por isso não importa se a ponte é estreita e essencialmente pedonal. A motoreta passa a apitar o caminho inteiro. Dói nos ouvidos. Mas para eles é normal! Os carros e rickshaws, assim como autocarros e camioes, não fazem por menos. Em geral vao no meio da estrada. Quando vem outro carro no sentido contrario ambos apontam para o centro, e no ultimo instante ambos se desviam cada um para o seu lado! E sempre a apitar. Não zangados, só a falar, “estou aqui, aqui vou, estou aqui, aqui vou....”.<br /><br />Como tudo o demais ás vezes cansa. Tanta poluiçao, tanta falta de civismo, para os nossos padroes. Dói até. Mas também tem piada. E, sempre, vale mais rir que chorar. E já estava bastante farto de viajar pelo mesmismo da Europa. Estou contente.<br /></span></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4242296432075417762.post-38371490032409138242009-02-22T05:33:00.000-08:002009-02-22T05:40:55.044-08:00Vida de ashram<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEilmnVAHr5IhduBgAHVee_I8K4x4TKGVP1MDBB564JiLZzqDNeUsOLJaNLOo4Pg0s5a-eMbagYyRqbFX6nzn3Qx2kEVcqeBpOKMi4GuDoFqHxDBeQGffLTaLqoSgi7RJRapb2y4VBwiVA/s1600-h/PICT0389.JPG"><img style="cursor: pointer; width: 400px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEilmnVAHr5IhduBgAHVee_I8K4x4TKGVP1MDBB564JiLZzqDNeUsOLJaNLOo4Pg0s5a-eMbagYyRqbFX6nzn3Qx2kEVcqeBpOKMi4GuDoFqHxDBeQGffLTaLqoSgi7RJRapb2y4VBwiVA/s400/PICT0389.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5305615156733380594" border="0" /></a> <meta equiv="CONTENT-TYPE" content="text/html; charset=utf-8"> <title></title> <meta name="GENERATOR" content="OpenOffice.org 2.4 (Linux)"> <style type="text/css"> <!-- @page { size: 21cm 29.7cm; margin: 2cm } P { margin-bottom: 0.21cm } --> </style> <div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">A traduçao mais facil e comum de ashram é mosteiro. Um local onde vivem e confluem pessoas dedicadas a aprender e ensinar o conhecimento, neste caso o sanscrito, o yoga , o vedanta, os vedas. </span></p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">Na pratica um ashram costuma ser algo entre um mosteiro e um hotel, e ás vezes é mesmo as duas coisas. O ahram onde estou é basicamente uma instituiçao de ensino, e parece uma especie de campus universitário, embora mais pequeno e ao estilo indiano, ou seja, menos bonito, menos espaçoso, menos bem projectado, menos sofisticado. Mas ainda assim funcional. Os ashrams maiores e mais reputados fazem trabalho social e em alguns casos incluem escola, orfanato, hospital de leprosos ou outra coisa do genero. Não necessariamente esta tudo no mesmo perimetro, até porque o normal é ir crescendo, aos poucos, a medida que surgem fundos, nomeadamente donativos mais generosos que alguns devotos fazem. A maioria tem cantina, ou eventualmente ate restaurante comercial, aberto a qualquer pessoa que pague. Não tenda a imaginar uma igreja enorme com uma ampla estalagem anexa, como costumam ser os mosteiros cristaos. Tudo é mais recente, menos artistico, menos monumental, menos sólido. É tudo mais pratico e funcional, mais modesto, com pouca sofisticaçao, gosto e decoraçao. Outro factor a notar é que neste ashram onde estou, por exemplo, o templo onde se efectuam os rituais religiosos é o edificio mais pequeno de todos. Aliás, tenho reparado que os hindus, embora muito dados a cores garridas e um monte de pirosices, e embora sejam bastante religiosos, não tendem a construir templos muito grandes, pesados e monumentais. Têm é muitos. E os mosteiros é mais ou menos igual. Se você quiser considerar a sua cabana um mosteiro também pode ser. Aliás, a maioria destes ashrams começou dessa forma. Um swami (monge) ganha reputaçao, começa a ter apoios e aos poucos deixa de viver numa gruta ou cabana e começa a construir instalaçoes mais sólidas, que aos poucos vao crescendo. Este ashram onde estou foi mais um dos que começou assim. O monge principal vivia, como muitos outros, num kutir, ou seja, uma cabana, tipo pallhota, aqui mesmo junto ao rio. Mas ganhou fama e apoios, e aos poucos foi construindo um ashram.</span></p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">O ashram onde estou é enorme. É o <b>Swami</b> <b>Dayananda Ashram de Rishikesh</b>, um dos mais antigos e bem considerados, sobretudo por indianos. Porque aqui o ensinamento ainda é mais tradicional, com muito sanscrito e vedanta. Dos pouco mais de 250 presentes neste primeiro curso, uns 200 sao indianos, a maioria gente mais ou menos endinheirada e de casta alta, e também bastantes swamis visitantes, que aqui estao como eu ou os demais, para aprender da boca do mestre. Alguns já vêm ouvir pela énesima vez. A média de idades deve ser os 50 anos. Talvez mais. A principal lingua falada é o inglês, que serve de lingua franca para todos. Alguns vêm para aprender filosofia, outros para aprender religiao e aprofundar-se na cultura, conhecimentos e rituais tradicionais do hinduismo. Aqui isso está tudo incluído e mais ou menos junto, e cabe a cada um saber pescar só aquilo que quer. Nada é imposto, e não há sectarismo religioso algum. Aliás, os conceitos de religiao e deus de um hindu sao um pouco diferentes dos nosso ocidentais. Por isso o swami ate evita falar de espiritualidade, deus ou religiao, porque sabe que essas palavras tendem a gerar mais equivocos qu eentendimento. Mas também não se pense que, apesar do nivel cultural e economico ser alto (muitos professores, alguns médicos, e tal), e do ensinamento ser essencialmente filosófico, na verdade humanidade é...humanidade. E há muita gente, principalmente indianos, que vêm aqui por questoes puramente religiosas, por crença, para rezar, para cumprir com obrigaçoes rituais e tradicionais, para fazer boa acçao e acumular bom karma, para tentar entender e resolver algum dos seus probleas e sofrimentos, e quiça o swami tenha alguma receita mágica para resolver tudo... </span></p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">As instalaçaoes deste ashram contêm cerca de 150 quartos, uns de 2 outros de 3 pessoas, com capacidade para cerca de 300 pessoas. Sem luxos, mas um conforto razoavel (para a Índia e para um mosteiro). Além das <b>habitaçoes</b> o mosteiro tem as <b>cantinas</b>, <b>recepçao</b>, <b>templo</b>, <b>livraria</b> e <b>biblioteca</b>, e três <b>salas de estudo, conferencia e ou pratica</b>. </span></p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;"><b>A cantina é exemplar do que é a vida comunitária no ashram. </b>É grande, com várias salas que acessam umas ás outras. Mas tem só algumas poucas mesas de plastico, que se pressupoe estarem ali para as pessoas mais velhas ou com algum problema fisico. A maioria das pessoas come sentada no chao, sobre um fino tapete, de pernas cruzadas, lado a lado com os demais. Come-se num tabuleiro de metal, e bebe-se num copo de metal. Pode-se comer com a mao ou com ajuda de uma colher. Sempre com a mao direita, que os hindus consideram a limpa. Eu ainda não consegui comer à mao... A comida é servida (a horas fixas) directamente das panelas. Servida por voluntarios de entre os participantes no curso aos demais participantes, que vao em fila passando e sendo abastecidos. Não há escolha. Só se pode pedir um pouco mais ou menos, mas a comida é igual para todos. Geralmente é arroz, alguma coisa com batata, algum outro vegetal (ervilhas, por exemplo), um molho qualquer dado a picante e pao. Pao quer dizer: algo parecido a crepe... As vezes tem algo doce, algo parecido a arroz doce, que até pode ser servido e comido junto ao resto! A comida nunca tem alho ou cebola, que sao considerados impuros, sexualmente estimulantes, “rajasicos”, ou seja, criadores de movimento, instabilidade. A comida, embora básica, nem é má. Eu gosto. O problema está em que é assim quase todos os dias, quase igual, 3 x por dia (pequeno almoço incluído), 7 dias por semana! Para quem escolheu vida de monje renunciante e encarou a serio a possibilidade de uma vida errante, sem confortos, esta alimentaçao até deve superar as expectativas. Mas para alguém habituado a uma vida mndana, que está sempre a variar e diversificar, e que come o que quer quando quer isto exige uma certa habituaçao... De qualquer forma também não é nenhum grande sacrificio, e quem quer pode sair e ir comer fora. Depois de comer cada um vai lavar o seu copo e tabuleiro aos lavadores exteriores ao comedor e deposita-os já limpos no respectivo local. Ou seja, não há luxo nenhum, apenas sentido pratico. E se para um ocidental isto pode pecar por alguma falta de conforto e sofisticaçao no serviço ou instalaçoes, para os hindus, muitos deles de casta alta e e bom poder económico, é muito mais siginficativo que tenham de servir a comida e limpar o próprio prato. Não o fariam em casa, mas aqui, para eles, é ritual, é um acto de contricçao e humildade, é uma pequena rendiçao, acumulam bom karma...</span></p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">Também se espera que cada um tome conta da própria <b>habitaçao, (</b><span style="">que em geral é partilhada), </span>nomeadamente no que a limpeza diz respeito. Não há serviço de quarto! Nem sequer lençois! Só o básico: cama, cobertor, luz, W.C....Na realidade as instalaçoes sao muito boas para o padrao de um hotel indiano isto seria quase de 2 ou 3 estrelas. Já não me lembro da ultima vez que lavei roupa a mao! Até há serviço (pago, mas barato) de lavandaria, mas usam agua que talvez seja a do rio, ou pior, sabao pouco, e lavam e secam a roupa a paulada. As vezes vem rota. Mais vale lavar no quarto...</span></p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">A esta altura <b>é importante dizer algo: tudo isto é gratuito! </b>Os cursos e demais actividades, a estadia no quarto, as refeiçoes... não é pouco. Claro que se pode (e deve) contribuir voluntariamente com algo. Tipo 10 euros (500 a 600 rupias) por dia é uma soma bastante agradável nestas partes, e bastante acessivel para um ocidental. Quer quer dá mais, e há quem dê, e há quem não dê nada... Geralmente à hora da refeiçao menciona-se o nome de alguns patrocinadores mais generosos, quase sempre indianos hindus, para quem tudo isto é tradiçao, religiao e ritual.</span></p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">O regime não é militar. Está tudo bem organizado, mas nada é imposto. Posso sair quando quiser e só vou as aulas que quiser. Mas vim com o propósito de aprender algo e por isso estou a seguir o curso quase integralmente, neste caso o <b>Camp 1- Vedanta didinmah</b> (“isto proclama o Vedanta”), que dura cerca de 10 dias, 3 aulas de uma hora por dia. Para além disso posso ir a meditaçao guiada as 7. 00, estudar sanscrito de manha e a tarde, e até ir a classe matinal de Hatha yôga (muito suave e terapeutico), ou a classe de musica, e ainda frequentar o sat sanga nocturno (20.30), onde se vocalizam mantras em grupo, e o swami responde a perguntas que qualquer um pode fazer. Para quem quer ainda há os pujas feitos no templo. Não faço tudo. Embora esteja já entrar na rotina do ashram seria demais para mim. Até porque as aulas de Vedanta, só por si, sao bastante intensas, e convem ter algum tempo para reflectir e meditar sobre o assunto. De dois em dois dias, à tarde, saio e vou fazer uma aula de Hatha yôga às 17. 00 com um professor que conheci e estou a gostar bastante. Sao duas horas intensas, da qual (ainda) estou a sair compeltamente esgotado. Também faço a minha própria pratica de yôga todos os dias, uns 45 minutos. E tento ir a meditaçao matinal e aos sat sangas nocturnos que sao bastante bons. As vezes saio com mais alguém no pouco tempo livre que sobra, seja para ir comer fora ou comprar alguma coisa necessária. Ou só para distrair um pouco! Quem quiser pode começar às 4 30 da manha com o primeiro puja no templo, e só acabar às 22 00, depois do sat sanga, quase sem pausas, a nao ser uma pequena depois do almoço, que a maioria aproveita para uma curta sesta.</span></p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">Os horarios durante este Camp sao assim:</span></p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><ul style="text-align: justify;"><li><p style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size:85%;">4.30 – puja no templo</span></p> </li><li><p style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size:85%;">7.00 – meditaçao</span></p> </li><li><p style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size:85%;">8.00 - pequeno almoço</span></p> </li><li><p style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size:85%;">9.00 - vedanta dindimah (classe de vedanta)</span></p> </li><li><p style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size:85%;">10.00- yoga, sanscrito, ou musica vedica</span></p> </li><li><p style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size:85%;">11.30- vedanta dindimah (classe de vedanta)</span></p> </li><li><p style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size:85%;">12.30- almoço</span></p> </li><li><p style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size:85%;">16.00- sanscrito, ou musica vedica</span></p> </li><li><p style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size:85%;">17.00- vedanta dindimah (classe de vedanta)</span></p> </li><li><p style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size:85%;">18.30- puja no templo</span></p> </li><li><p style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size:85%;">19.30 – jantar</span></p> </li><li><p style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size:85%;">20.30 – sat sanga</span></p> </li></ul><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">Dentre dos cerca de 70 estrangeiros (media de idades deve ser 35 anos) presentes há-os dos 4 cantos do mundo. Bastantes japoneses,sempre super compenetrados, bastantes brasileiros, portugueses somos 3, australianos há bastantes, embora seja uma comitiva que parece ter caido aqui de paraquedas e estar meio perdida. Acho que a maioria esperava outro tipo de Yôga, mais Hatha Yôga. Mas aqui o Hatha yôga (o yôga mais pratico, mais fisico digamos assim) é considerado meramente um meio, um meio para dar limpeza, saúde, força, vitalidade e disciplina ao corpo e mente, de forma a poder pensar e meditar melhor, de forma a consagrar melhor todos os recursos à cultura, ao estudo, ao conhecimento, ao jñana, ao vedanta... Imagino que vir de um yoga de ginásio directamente para aqui deve ser, no minimo, um choque. Provavelmente uma desilusao. Enquanto <b>para muitos (inclusive para mim) isto é o culminar do ensino do yôga,</b> para outros, vê-se na cara, perguntam-se: o que raios faço eu aqui?</span></p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">Outra coisa que se pressupoe, e que alguns ocidentais têm dificuldade de entender e respeitar, é que isto é um mosteiro. Um sitio dedicado ao ensino. Um sitio que foi construido por e para Swamis (monjes) celibatários, que resolveram dedicar toda a sua Vida a meditar, a aprender e ensinar o conhecimento vedico, nomeadamente o sanscrito, vedanta e o yoga, e que renunciaram a tudo o demais. Monjes celibatários! Ora, se até para um indiano comum, numa rua comum, ver uma mulher loira e de roupas justas (se mostrar os ombros e as pernas pior. Ou melhor, nem sei) já causa quase o mesmo efeito que na Europa causariam mulheres nuas em praias que não sao de nudistas, imagine-se dentro de um ashram! Aqui pressupoe-se que ninguem vem para desfrutar de uma vida “social”. Assim, e embora o ambiente seja bastante agradável e relaxado, espera-se que as roupas evitem grandes decotes e sejam folgadas, ou pelo menos não evidenciem as formas. Talvez por condicionamento cultural há muita gente vestida de branco, principalmente ocidentais, que tendem ás vezes a ficar mais indianos que os próprios indianos. Até porque os indianos tendem a vestir-se cada vez mais como ocidentais! Mas a verdade é que as roupas tradicionais, nomeadamente os pijamas, sao bonitos e confortáveis. Pelo menos parecem, porque ainda não me converti! Cai bem, ou seja, demonstra respeito, se os cabelos estiverem apanhados, e convem não abusar de perfumes. Abraços, beijos e maos dadas entre homens e mulheres...nao. Nem aqui nem em qualquer local publico indiano. Na india tradicional isso não existe, nem o nosso namoro... Depois de olhares discretos passa-se directo ao casamento! A maioria das mulheres ocidentais sao consideradas...liberais, fáceis, ou até prostitutas! E não sei se eles gostam ou não, acredito que tenham um pouco de inveja nossa. Mas aqui no ashram não. Ninguém recrimina ninguém, já estao habituados a ocidentais, mas espera-se um pouco de pudor. E não custa, é uma questao de respeito.</span></p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">Enfim, apesar do programa intenso e das demais condicionantes, <span style="font-weight: bold;">isto era exactamente o que vinha a procura. Está a superar as minhas expectativas todas, nomeadamente a nivel de qualidade do ensino, e por isso estou contente.</span></span></p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">Depois conto mais, sobre os swamis (monjes) e sobre o que mais houver a contar...</span></p><div style="text-align: justify;"> <span style="font-size:85%;">
<br /></span></div>
<br />Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4242296432075417762.post-62374548538136032382009-02-22T05:20:00.000-08:002009-03-10T03:26:32.637-07:00Rishikesh, os yôgas, o ashram, o estudo...<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhEiuovxU8ubBVlbi1BKN-O08Dk0GTL8M4rfMGa0ZHHn7feWf-gPB1QDGyQ0tH5P8NFGbQoShAtfBHj8PelNIYm7crV8xeNOQyEVldu25lmvTUINNFg0816Lft83hHyohWOHAgFtB-SCQ/s1600-h/PICT0361.JPG"><img style="cursor: pointer; width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhEiuovxU8ubBVlbi1BKN-O08Dk0GTL8M4rfMGa0ZHHn7feWf-gPB1QDGyQ0tH5P8NFGbQoShAtfBHj8PelNIYm7crV8xeNOQyEVldu25lmvTUINNFg0816Lft83hHyohWOHAgFtB-SCQ/s320/PICT0361.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5305613760040201378" border="0" /></a>
<br /> <meta equiv="CONTENT-TYPE" content="text/html; charset=utf-8"> <title></title> <meta name="GENERATOR" content="OpenOffice.org 2.4 (Linux)"> <style type="text/css"> <!-- @page { size: 21cm 29.7cm; margin: 2cm } P { margin-bottom: 0.21cm } --> </style> <p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; font-weight: bold;"><span style="font-size:85%;">Estou em Rishikesh.</span></p><div style="text-align: justify; font-weight: bold;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;"><span style="font-weight: bold;">Rishikesh</span>, a cidade dos rishis, os sábios, os que estao conectados a Brahma, ao ilimitado, ao irrestricto, e que dele sao um veículo, que expressa a sua perfeita infinitude e unidade. Hoje, como desde há séculos e séculos, gurus procuram transmitir essa sabedoria (veda) através do parampárá (a tradiçao oral, passada de guru a discipulo). Muitos caminhos, muitos yogas, sao tomados por ainda mais gurus, estudantes e praticantes, seja para se iluminarem seja simplesmente para beneficiarem num ambito mais limitado, por mais contraditório que isso seja. </span></p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">Rishikesh é uma pequena cidade ás margens do Ganges, ligeiramente a norte de de Haridwar. Haridwar é outra cidade sagrada para os hindus, que até ali peregrinam, e que ali realizam um Maha Kumbha Mela a cada 12 anos (o Grande K M, o maior festival religioso hindu (e do mundo), que junta cerca de 15 milhoes de devotos, acompanhantes, trabalhadores e curiosos, realiza-se alternadamente em cada uma das cidades santas da Índia a cada 12 anos, creio). Rishikesh também é considerada cidade sagrada, mas é mais pequena e menos tradicional para os indianos. Mas está cada vez mais popular e muitos peregrinos hindus, de muitas partes do país afloram a cidade, seja para se banharem no Ganges, que aqui, relativamente perto das suas nascentes, é limpo (menos sujo), seja para orarem nalgum dos templos e lá fazerem os seus pujas, seja para consultar algum guru, seja por tradiçao e curiosidade. </span></p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">A maioria dos ashrams e escolas, e agora também os hotéis e estalagens, restaurantes e lojas, estao nas duas margens do Ganges que se estendem uns 3 km acima de Rishikesh. Há duas estreitas pontes supostamente pedonais. Mas os indianos metem motas em todo lado e por isso também lá passam motociclos, sempre a apitar como é óbvio. Também se pode atravessar de barco.</span></p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">Os estrangeiros sao muitos, talvez um terço da populaçao nesta epoca do ano, a epoca alta, quando não esta nem muito frio nem muito calor. Vêm (vimos) quase todos por um motivo: yôga. Alguma forma ou entendimento do yôga. E sao muitos! Diz-se que esta é a “capital mundial do yôga”. O motivo é o numero e credibilidade de ashrams e gurus que aqui floresceu no século passado, e que criou fama. O sitio é de facto propicio, pois é pequeno e calmo, limpo, calmo, fresco, perto dos Himalayas, junto ao sagrado Ganges e de algumas das suas nascentes principais, perto de uma cidade grande e sagrada (Haridwar), ou seja, acessivel e propicio a estabilidade (satwico), a reflexao, a meditaçao. Tinha tudo para dar certo, e deu. Hoje já não é tao idilico, o turismo espiritual esta a massificar-se cada vez mais, mas ainda é extremamente agradável. Depois de Delhi, Agra e Varanasi tive a sensaçao de chegar ao paraíso, finalmente o éden prometido! Os Beatles visitaram o local na década de 70 e popularizaram o que já era um destino preferencial para conhecedores. A partir de aí nunca mais parou de crescer a fama da cidade como “o sitio” eleito por e para yôgins. E aqui há yôga de todas as variadades e para todos os gostos. Tantas que chegam a ser quase impossiveis de reconhecer-se umas nas outras. E isso faz tudo ser ainda mais interessante. É só escolher o que queremos aprender, e com quem. É tipo um parque de diversoes para yôgins...</span></p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">Se soubermos o que procuramos e tivermos <span style="font-weight: bold;">boas referencias </span>é fácil. Alguns sitios sao pagos a hora, sem grandes compromissos e complicaçoes. Outros sao gratis, ou seja, aceitam donativos livres. Estes últimos sao quase sempre os ashrams maiores e mais tradicionais, do tipo religioso, como o que eu estou. </span></p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">Fico a pensar nos novatos, sem referencias e que vêm aprender do zero, ou pior, do quase nada (o quase nada é o pior estado, porque é mesmo quase nada mas é o suficiente para gerar muitos preconceitos, ideias feitas e pretensoes. Os praticantes mais fanáticos e dogmaticos costumam ser os novatos que sabem quase nada). Quem cai aqui de férias e se entrega à sorte pode ficar totalmente perdido. Há dezenas de anuncios para classes e cursos de yôga. Alguns levam simplesmente ao quintal ou “sala de estar”de um indiano qualquer, que tanto pode ser um yôgi extremamente competente como um charlatao atrás de mulheres ocidentais idealistas, ingénuas e “liberais”. Ainda assim há muita coisa muito boa e séria por aqui, e o sitio é realmente agradável. Nao recomendaria nunca começar a praticar yôga por cá, mas, para quem já sabe o que está a fazer e tem boas directivas e referencias é excelente, seja para fazer cursos mais ou menos prolongados de aperfeiçoamento ou seja simplesmente para fazer umas férias a praticar yôga num lugar com tradiçao. </span></p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;"><span style="font-weight: bold;">O primeiro sitio onde fui foi ao ashram</span> onde reinam dois “babas” “iluminados”: uma americana e um brasileiro! É um sitio totalmente ocidentalizado, onde não vi um unico indiano. É feito por e para ocidentais. E os ocidentais conseguem ser muito mais misticos, esotericos, idealistas e alucinados que os indianos! Felizmente os brasileiros também sao genios da música e por isso o Sat sanga (“reuniao em boa companhia”, onde geralmente se vocalizam mantras, se discute ou houve sermao filosofico, e se medita) do baba brasilerio foi bastante agradável. Aliás, não só pela música, mas também pelo sitio que é dos melhores aqui na zona, mesmo por cima duma curva no Ganges, e também pelo sermao que o “baba” deu depois os mantras e antes da meditaçao guiada. Entre umas merdas new age com astrologias e evolucionismo à mistura (“hoje, precisamente hoje, abre-se a porta para uma nova era...”) lá falou da necessidade de quase todos temos de ser “amados em exclusivo”, de como o nosso ego quer sempre receber, mais e mais, mas raramente se predispoe a dar e deixa fluir, e como isso bloqueia tudo e tal... até gostei. </span></p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">Ainda nesse mesmo dia, a tarde, quando tentava encontrar um professor bastante famoso que queria conhecer mas ninguém parecia saber onde raios está, acabei por ser levado por um casal que encontrei e ia a caminho de outra pratica ali perto. Era de <span style="font-weight: bold;">Ashtanga “Vinyasa” yôga</span>, daquele bem ortodoxo e amplamente conhecido. É uma pratica 99% fisica, bastante intensa, só acessivel a quem está numa forma fisica boa ou optima, ou pelo menos quer vir a estar. Sua-se mais que numa sauna. Gostei e entretanto já repeti a dose. Depois conto mais.</span></p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">Entretanto ontem <span style="font-weight: bold;">vim para o ashram</span>. Hoje começou o primeiro curso que cá vou fazer. É de Vedanta. Ou seja, consiste em ouvir o swami (o monge) a explanar sobre Vedanta atraves do estudo de um texto, texto original em sânscrito. Este estudo de Vedanta pode e deve ser acompanhado de meditaçao e se possivel estudo do sânscrito. E a isso se chama Jñana yôga. Depois conto mais.</span></p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;"><span style="font-weight: bold;">Em 4 dias já tive 3 experiências de yôga completamente distintas umas das outras. </span>Por acaso no SwáSthya já tinha acesso a todas elas, por isso foi fácil perceber e enquadrar o que vou encontrando, porque embora a linha ou o contexto seja diferente, o SwáSthya dá realmente boas bases, uma base ampla e completa para enquadrar quase tudo que se queira e encontre. Assim as mentes estejam abertas... </span></p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">Depois de tanta viagem e caminhada, depois de uma semana a conhecer tanta gente, a fazer praticas em diferentes escolas e de tipos tao diversos, eis que entrei no <span style="font-weight: bold;">regime do ashram</span>. Este ashram está ainda pegado a cidade de Rishikesh, embora mesmo junto ao rio. Por isso está a cerca de 1 km da primeira ponte e ligeiramente deslocado da maioria do movimento de turistas. É um ashram enorme. Tem cerca de 150 quartos, uns de 2 outros de 3 pessoas, com capacidade para cerca de 300 pessoas. Sem luxos, mas um conforto razoavel (para a Índia e para um mosteiro). Por sorte ou azar, nem sei, (ainda) estou sozinho no quarto, a aproveitar uma privacidade rara nestas circunstancias. Para este primeiro curso estao presentes cerca de 250 pessoas. Mais de metade sao indianos, a maioria do sul da Índia, de castas altas, e que vêm aprender com o Swami Dayananda, que para muitos deles (como para muitos dos ocidentais) é um guru (um professor) e ou um Deus vivo, ao qual sao devotos. Aqui na Índia isso (“ser Deus”) não tem o significado e peso que lhe damos no ocidente. Significa apenas que sabe quem é, e é Brahma. E qualquer um de nós pode e deve procurar esse mesmo conhecimento. Assim, um professor, principalmente se o considerarem iluminado, é objecto de devoçao. E o Dayananda é conhecido em toda a Índia, e em todo mundo, e tem devotos. Nem por isso é guru de massas. Por ano terá alguns milhares de ouvintes em todo mundo, dos quais umas centenas serao estudantes aplicados. Além dele próprio costumam estar presentes uns 20 outros swamis, alguns seus discipulos, alguns residentes do ashram, a maioria homens e indianos, mas também algumas mulheres e ocidentais. Esse outros swamis colaboram nas tarefas de ensino e administraçao do ashram, sendo professores Vedanta, sânscrito, música ou yôga. Alguns já têm mais de 70 anos. Além das habitaçoes o mosteiro tem as cantinas, recepçao, templo, e três salas de estudo e ou pratica. O regime não é militar. Posso sair quando quiser e só vou as aulas que quiser. Mas vim também com o propósito de aprender algo e por isso vou seguir o curso, neste caso o Camp 1- Vedanta didinmah (“isto proclama o Vedanta”), que dura cerca de 10 dias, 3 aulas de uma hora por dia. Para além disso posso ir a meditaçao guiada as 7. 00, estudar sanscrito de manha e a tarde, e até ir a classe matinal de Hatha yôga (muito suave e terapeutico) e ainda frequentar o sat sanga nocturno (8.30), onde se vocalizam mantras em grupo, e o swami responde a perguntas que qualquer um pode fazer. Não vou fazer tudo. Estou cansado, o corpo doi-me das praticas intensivas que fiz antes, não me apetece estar sentado de pernas cruzadas e quieto mais que aquelas 5 horas por dia minimas. </span></p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">Sinceramente o primeiro dia custou-me um pouco, não obstante o swami seja realmente divertido e genial a passar o ensinamento filosofico. É realmente interessante. É precisamente o que tinha esperança de encontrar. Até supera as minhas expectativas. Mas depois de tanta diversao, depois do regime de férias, de conhecer tanta gente e mover-me tanto, de viajar e passear, das praticas diversas e avulsas feitas quando me apetecia, depois da festa, de repente, entrar em plano de estudo intensivo e estavel num local com horario preenchido, pré-definido, e onde há uma serie de normas de estar básicas a ser em respeitadas, não me pareceu muito divertido. Nem mesmo se estive com gente que já conhecia, conheci mais alguns e falei português pela primeira vez em duas semanas! Acho que é cansaço... Mas hoje estou algo depressivo, com saudades. <span style="font-weight: bold;">Saudades</span> de pessoas que conheço e gosto mesmo. Coisas de viajante, coisas da Vida. E vice-versa. Há momentos e momentos...</span></p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><p style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">Até amanha.</span></p> <p style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></p> Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4242296432075417762.post-47040495993562203092009-02-13T23:57:00.000-08:002009-02-14T00:08:46.826-08:00Ajuda a navegacao 2Outra vez...<br /><br />Tenho estado pouco tempo na internet. Mas escrevo sempre o meu <strong>diario de viagem</strong>. Assim, que vou publicar menos vezes, mas talvez aos magotes!<br /><br />Podem ler tudo fazendo <strong>scroll</strong> na pagina, ou simplesmente <strong>aproveitar estes links para clicar e ler na ordem cronologica.</strong> Depois basta carregar em "<strong>pagina inicial</strong>" (ou "<strong>home</strong>"), no fundo do articulo-pagina, e voltar a pagina inicial.<br /><br /><a href="http://aminhaviagemespiritual.blogspot.com/2009/02/delhi-real-india.html">Ainda Delhi, Old Delhi, Real india</a><br /><br /><a href="http://aminhaviagemespiritual.blogspot.com/2009/02/agra-taj-mahal.html">Agra e o Taj Mahal</a><br /><br /><a href="http://aminhaviagemespiritual.blogspot.com/2009/02/varanasi.html">Varanasi</a><br /><br /><a href="http://aminhaviagemespiritual.blogspot.com/2009/02/viajar-sos-ou-com-socio.html">Viajar, sozinho ou com socio?</a><br /><br /><a href="http://aminhaviagemespiritual.blogspot.com/2009/02/experiencias-espirituais.html">Experiencias espirituais, yoga na India</a><br /><br />(Ignorem essa coisa que aparece sempre no fim de todos os textos a dizer "Leia o artigo completo CLIC". Essa funcionalidade nao esta a funcionar...)Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4242296432075417762.post-51396364697998524732009-02-13T23:41:00.000-08:002009-02-14T00:10:00.196-08:00Experiências espirituais<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgw7VQVLlFXeFIi3eX0OroDogySunZDp7faM8zYelex-U8MMXuZOW14eV8C3yYDLy2XvT41EGh7FW0Q4ZtArxLTz47qvxeby_8sTm9x-lhx8mMxkXub2Nx7XO-6Wod-7AE5eXPGP1UIAw/s1600-h/PICT0336.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5302557902251975250" style="WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 240px" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgw7VQVLlFXeFIi3eX0OroDogySunZDp7faM8zYelex-U8MMXuZOW14eV8C3yYDLy2XvT41EGh7FW0Q4ZtArxLTz47qvxeby_8sTm9x-lhx8mMxkXub2Nx7XO-6Wod-7AE5eXPGP1UIAw/s320/PICT0336.JPG" border="0" /></a><br /><div align="justify"><span style="font-size:85%;">Quem me conhece bem, principalmente quem me conhece a mim e ao meu mundo do yôga bem, sabe que uso o termo espiritual de forma irónica e provocadora. Provocadora para com o meu próprio mundo do yôga, provocadora para mim mesmo, ironica para quem não me conhece assim tao bem, e por isso nem sequer pereceb a ironia.<br /><br />Não me considero uma pessoa espiritual. Nem não espiritual. Mas o que nao me considero e "espiritualista", alguem obcessionado com essa tal de espiritualidade, seja la o que isso for. <strong>O DeRose esta certo</strong>. A espiritualidade existe, está aí. É parte da existência, da consciência, da Vida. Como o corpo, ou as emoçoes... Mas ninguém anda por aí a dizer que é “corporal”, ou que vai fazer viagens “corporais”. Quem está sempre a falar do corpo sao as pessoas gordas ou doentes. É o mesmo da “<strong>espiritualidade</strong>”. Quem fala constantemente nisso é quem está com problemas na area. Senao a “espiritualidade” simplesmente está ali...<br /><br />Mas no mundo do yoga a maioria das pessoas gosta de se dizer espiritual, que o yôga é espiritual, que a espiritualidade isto e aquilo e aqueloutro. <strong>A maioria das vezes nem sequre sei do que estao a falar</strong>. Estao a falar de filosofia, de religiao, de pensamento, de intuiçao, de intimidade, de Deus, do “si mesmo”, de tudo, de nada...de quem, de quê? Tenho a certeza de que a maioria das pessoas não faz a minima ideia, porque quando pergunto não conseguem responder.<br /><br />Mas neste blog, só para chatear, vou também falar de espiritualidade, de viagem espiritual, de yôga como algo espiritual, de eu ser espiritual...é uma mini libertaçao pessoal em relaçao a alguns preconceitos e condicionamentos. Rsrsrsrsrrs<br /><br /><strong>Londres espiritual<br /></strong><br />Em Londres pratiquei bastante, intensivo mesmo. Muitas vezes duas x por dia, uma hora e meia cada pratica. SwáSthya, geralmente ao fim de tarde, e algo mais pela manha. Como do SwáSthya já estou farto de falar vou falar do resto. Mas continuo a achar que o SwáSthya é a melhor experiência de yôga que já tive até hoje.<br /><br />Durante 10 dias fui todos os dias ao centro de <strong>Jivamukti Yoga</strong> em Londres. Além de ficar a 5 minutos a pé de onde estive a morar tinha curiosidade em conhecer proque é uma das escolas actualmente mais famosas. Um franchising em expansao pelo mundo. Tornou-se famoso nos anos 90 quando a escola de NYC (entao a única) acolhia frequentemente gente conhecida do mundo do cinema e música, como Sting, Madona, Shara Jessica Parker e outros. Com essa publicidade e com a explosao de numeros no mundo do yoga ocorrida desde 2000 a escola tornou-se uma empresa, internacionalizou-se, e está hoje presente nas principais capitais mais ricas do mundo. É uma escola de ambiente agradável, em algumas coisas até parecida com o SwáSthya, que organiza workshops regularmente, faz sat sangas, e tem uma prática simples, adaptada e simplificada do Ashtanga “vinyasa” yoga, não seguindo essa pratica a rigor, o que, na minha opiniao é um ponto positivo a mencionar. O promenor que achei mais interessante é que no começo da classe e no fim, durante o relaxamente/descanso em shavásana (não tem yôganidrá) os instructores passam nas costa e depois no pescoço, de uma forma massageante, um creme relaxante (ou estimulante, nem sei bem) daqueles que deixa uma sensaçao intensa de frescura, e sobretudo um cheiro muito agradável. Tendo em conta que a pratica faz suar imenso é um aroma e frescura bem vinda. E quando estamos deitados no fim a relaxar a sensaçao é fantástica. Não tem nada a ver com yôga própriamente dito, mas sabe bem. E uma parte significativa dos (dAs) alunos compram o dito creme á saída da escola... O problema destas escolas, com este tipo de pratica, é que ao fim de 10 dias eu já sabia a pratica dememória, e começou a ser repetitivo. Por um lado é bom, porque dá para ir percebendo a evoluçao masi rápida e claramente. Por outro é extremamente limitado. Mas gostei! E recomendo, pelo menos que experimentem. De qualquer forma, em Londres como em boa parte do mundo, 90% do yôga é Iyengar, Ashtanga “Vinyasa”. Ou uma adaptaçao e mistura desses. Ou Bikram. Ou seja, tende a ser muito repetitivo, muito focado no fisico, e encarado como fitness. Para mim não chega. Mas é bom conhecer... Estou plenamente convencido que o SwáSthya em Londres vai ter muito sucesso. A nível de pratica não tem comparaçao.<br /><br /><strong>Delhi espiritual<br /></strong><br />Em Delhi só fui visitar uma escola. Fui visitar o <strong>Aurobindo Ashram</strong>, em south Delhi. Ou seja, o “Delhi branch”, pois o original é perto de Bombay, onde existe quase uma “cidade Aurobindo” chamada Aurobindoville. E existem outras “branch”. Este de Delhi também é enorme. Gigante! Não é uma escola de yôga. É um complexo urbanistico gigante, onde também se pode ir praticar ou estudar yoga. Mais própriamente o yôga ensinado pelo Aurobindo e a “mae” (a sua esposa), e pelos seus díscipulos. E que yôga é esse? É o chamado yôga integral. Integral no sentido do yôga que está em tudo, presente em todo lado, o tempo todo. E sobretudo nos actos mais cotidianos, rotineiros e politicos da Vida! Um dos lemas de Aurobindo e da “mae” era de que “contorçao não é yôga”. Por isso nem se praticava Hatha Yôga tradicional, com os tipicos ásanas. O que se fazia era principalmente tarefas sociais e educacionais, geralmente em grupo, principalmente dirigidas a crianças, o futuro da humanidade. Por isso, a parte menos importante do ashram sao as salas de pratica, essencialmente dedicadas a sat sangas e meditaçao, sendo as poucas (e suaves) classes de Hatha Yôga consideradas uma “concessao a pressoes exteriores”, ou seja, aos estrangeiros que vao visitar e residir no ashram. E esses estrangeiros sao importantes pois me parte sao eles que financiam tudo aquilo. Aliás, em parte sao estrangeiros que gerem também, sobretudo francofonos. O principal é a mega escola que o complexo contém, com jardins, hortas e instalaçoes desportivas incluidas (um luxo no meio de Delhi), e que dá educaçao a centenas (ou milhares, nem sei) de miudos indianos.<br /><br />Aurobindo, que viveu parte da juventude na Europa, mais própriamente na França, ainda foi responsavel por introduzir o conceito ocidental de evoluçao no yôga moderno, acreditando que a Humanidade está a evoluir em direcçao a auto-consciencia total, uma iluminaçao global. E o Yoga é um meio e um fim nesse processo. O Aurobindo não foi apenas um Jñana Yogin, não foi apenas um lider espiritual, foi também um lider politico, que descobriu o yoga na prisao, quando participou de motins nacionalistas e independentistas nos quais o Gandhi também estev envolvido. Embora seja uma escola algo ocidentalizada, ela foi extremamente importante na Índia, e no yoga mundial, e em Delhi o Aurobindo até dá nome a uma das maiores avenidas da cidade, precisamente aquela onde está instalado o ashram.<br /><br />Outro aspecto importante foi o protagonismo que “a mae” alcançou. Na realidade era a esposa, francesa, que era a máquina por detrás de tudo o que aconteceu, o Aurobindo quase nem saiu do quarto durante anos, onde se auto enclasurou a meditar e escrever, só saindo para dar o darshan (ser comtemplado), de vez me quando. O facto da esposa ter tanto protagonismo, assim como o facto de ser um yoga integral, que se descobre e revela em todas as coisas comuns e cotidianas fez com que este yoga fosse desde sempre assumidamente tantrico, e isso a certa altura era rompedor de preconceitos...<br /><br />Quem quiser pode procurar mais nos seus sites, é interessante.<br /><br /><strong>Varanasi espiritual<br /></strong><br />De Varanasi não tinha nenhuma referencia sobre escolas de yôga. Assim que recorri ao LP. Não é uma grande referencia em termos de yôga, mas é melhor que nada. Apontando a sorte poderia calhar entrar num daqueles centros onde esperam que turistas desavisad<strong>A</strong>s estejam "open minded" para clases e cursos de yoga "intimo", sexual, e sabe-se la mais o que! A verdade e que aqui na India ainda nao consigo discernir a spessoas e os locais pelo aspecto. Mesmo em casa e dificil, quanto mais aqui. Escolhi a sugestao da “<strong>Yoga trainning center</strong>” porque o sitio era bastante central e acessivel. Como vim entretanto a descobrir, a escola é dirigida por um professor e sua esposa, que também dao as aulas. Ele (não lembro o nome) que deve ter uns 35 a 40 anos, é encorpado (para um indiano), tem um bom ásana e ri muito, deixando frequentemente a mostra os dois dentres podres e pretos que tem mesmo a frente. Pelo que percebi é relativamente conhecido não só na Índia mas também pela participaçao em eventos internacionais de yôga. Não percebi quem é, ou foi, ou se teve, o seu mestre. Ela (não lembro o nome) deve ter uns 25 a 30 anos, pequena, simpática e boa de ásana também. A escola é essencialmente de Hatha Yoga, dando aulas de varios graus e estilos, e também formaçao a professores. Agora, se me estivessema contar isto eu já estaria a imaginar uma escola toda tradicional, provavelmente grandinha, com salas de pratica equipadas, enfim, uma certa sofisticaçao e tradicionalismo... Nada mais longe da verdade. Na realidade é só um terceiro piso minusculo e imundo de um prédio no meio de uma Varanasi ainda mais suja e congestionada. Teias de aranha por todo lado, pó também claro, de vez em quando vê-se um amacaco, ou um lagarto, ou um rato a passar pelas janelas, a maioria sem...janelas. Besuntar-se com repelente para mosquitos convém. A sala principal, de uns 25 a 30 metros quadrados, tem um “colchao” daqueles de pano redobrado no chao. E não se pense que ali se usam aspiradores. Directamente conectada a essa esta outra sala mais pequena, com de metade do tamanho e com um chao vermelho de uma material que aparente um dia ter sido alguma especie de tatami. Isso é a “escola”. Do lado de fora da sala, nos corredores de acesso ao ar livre deixam-se os sapatos, acessa-se o cubiculo onde se fazem as necessidades (sem lavatorio) e tem-se acesso ao quarto e cozinha da casa dos profs. Isto pode parecer tudo meio ridiculo, e pronuncio de que ali nada de bom pode haver. Mas estamos a falar de Índia, de Varanasi, onde é tudo assim, e as ruas estao ainda mais sujas e degradadas, e cheiram a merda. Por isso está dentro do contexto. Aliás, na Índia nem é o yôga-técnica que procuro, porque isso eu sei que no ocidente há mais e melhor. O que procuro é esse contexto. Quero ver a cultura onde o yoga se desenvolveu, ver o ambiente, os alunos, a forma como os professores de comportam, etc.. Se puder aprender algo de técnica melhor.<br /><br />Esta escola (como a maioria) é especialmente orientada para ocidentias. Ainda mais sendo recomendada pelo LP! Quando cheguei para informaçoes estavam dois formandos a treinar uma sessao de Reiki! Sim, ali também se dao sessoes e formaçao de Reiki, que aliás etás um pouco por todo lado, sei lá proquê!? Isso sim, assutador... Um desses formandos era um jovem indiano com bom aspecto, e foi o unico aluno indiano que vi. O outro era um jovem austriaco, com aspecto meio hippiezado. Também vi uma terceira formanda, uma jovem venezuelana, que estava sempre muito compenetrada nas praticas. Passavam lá boa parte dos dias, a fazer todas as praticas. Em algum tempo obteriam o diploma de participaçao no “yoga teachers trainning center” e já poderiam chegar a Europa de diploma indiano na mao!<br /><br />Eu fui primeiro a uma pratica da tarde chamada de "<strong>Hatha yoga tradicional"</strong>, indicada para iniciantes. Estavamos 8. Começou logo com ásanas, feitos numa ordem que me pareceu não obedecer a nenhum critério especial. Mas foi forte, e gostei. Fizemos também alguns pranayamas. Fraquinhos. E depois veio a melhor parte, a meditaçao... Meditaçao do riso! !!! !?!?! Sim, meditaçao do riso, “instantanea”, “very good meditation”, “”let s fake it until you make it”. Eu nem estava a acreditar! Mas lá me ri, mas foi da cara do professor. Inacreditável. Eu sei que isto da “<strong>meditaçao do riso</strong>” não é novo, tem muitos adeptos, e ali pareceu-me uma coisa a lá OSHO. Mas em estava a acreditar. Foi uma paródia. Mas lá fiz, e ri, e foi divertido. Meditaçao mesmo nada, mas divertido foi. E gostei da aula, resovi voltar na madrugada seguinte para mais uma, supostamente de Ashtanga “Vinyasa” yoga. Voltei, estavamos metade dos do dia anterior, e mais uns 8 novos. Fui para a asalinha de trás, para o grupo do avançados. Os outros fizeram uma pratica do genero da do dia anterior, meditaçao do riso incluida. Nós ficamos com a esposa, que começou a dar-nos forte e feio nos ásanas, alguns repetidos. Não teve quase nada a ver com o conhecido “Ashtanga “Vinyasa” yoga”, mas forte e dinamico foi. Não foi nada de especial, mas até foi bom. Suei imenso, depois fizemos uns paranaymas , depois uma meditaçao esquisita... Ok, nem foi mau.<br /><br />O melhor foi ver o <strong>ambiente</strong>. Uma coisa que tinha percebido logo na chegada a Índia, e no caso a esta escola, é que eles sao muito menos ortodoxos que os ocidentais. Eles não têm pudores nehnuns em adaptar, inventar, acrescentar, improvisar e brincar com o yôga. Básicamente fazem o que bem lhes apetece, assim que venda. E como sao indianos é yoga e pronto, ninguém discute. Depois aqueles formandos ocidentais que fizeram o “curso” de professores (básicamente consiste em ir as aulas) vao para a Austria ou Venezuela e ficam todos rigidos e hirtos, ultra ortodoxos, e dizem que tem de ser X e Y porque “eu vi na Índia”, “fiz curso na Índia”. Pois...<br /><br />Nessa segunda prática conheci uma australiana de aspecto tailandes, e uns americamos e fomos tomar o pequeno almoço. Tinha percebido que a americana, no minimo, já tinha praticado. Em conversa logo nos confessamos, ambos professores de yoga lá na terrinha. Rsrsrsr Acabamos por passar o dia inteiro juntos (os 4) e percebi que ela até tem um percurso bastante comum, parecido com o meu, cheio de ilusoes e desilusoes, periodos de grande envolvimento, entrega e pratica com outros de maior distanciamento e reflexao, etc. Apesar de ser uma judia Nova iorquina temso muitíssimo em comum, e adorei estar a conversa com ela.<br /><br />Entretanto cheguei a <strong>Rishikesh</strong>, “capital mundial do yôga”, cheia de ashrams, gurus, “babas”, e praticantes de todo o mundo. Vou ver e depois conto mais.<br /><br />Estou em Rishikesh! Estou mesmo...</span> </div>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4242296432075417762.post-69598538940470455822009-02-13T23:38:00.000-08:002009-02-13T23:41:14.431-08:00Viajar, a sós ou com sócio?<div align="justify"><span style="font-size:85%;">Mais vale só que mal acompanhado, já diz o ditado. Mas mais vale bem acompanhado que só, digo eu. É bom partilhar. É essencial. Mas quando não encontramos ninguém que queira, ou possa, alinhar, o que devemos fazer? Eu sei o que faço: vou na mesma. Faço à mesma. Se puder viajar ou fazer com amigos, com um grupo, ou, ainda melhor, com companheira, prefiro. Mas senao não vou ficar parado, em terra, a ver navios.<br /><br />Preciso de fazer, de viajar, de ver, de experimentar. Sou curioso, preciso de conhecer por mim mesmo, passar directamente pelas experiencias para aprender, e ás vezes até preciso de mais que uma vez. Assim que quando vi que o mais provavel seria vir sozinho assumi o facto e pronto, segui em frente.<br /><br />Provavelmente amanha ou no dia seguinte vou para o Dayananda ashram, aqui em Rishikesh, e lá vou estabilizar, e lá vou encontrar gente conhecida. Mas estas primeiras duas semanas (que parecem mais) foi mesmo por mim mesmo. Mas quase nunca sozinho.<br /><br />É curioso, olhando para trás, vejo que <strong>pouquissimas vezes viajei sozinho</strong>. Pelo menos mais que 2 ou 3 dias. E como sempre, desde que estou com a Joana aproveitei para não me preocupar com quase nada relativo a organizaçao das viagens, mesmo aquelas em que ia só eu! Eu não gosto dessas coisas, de papeladas, marcaçoes, horarios, pagamentos, etc. E também não gosto de pensar na viagem antes da viagem. E a Joana, como a maioria das mulheres, gosta de saber de tudo, estar precavida, assegurar-se, é mais pratica. Assim que durante uns anos não tratei de nada. “Quero ver um dia que não estejas cá eu”, ouvi várias vezes, tal como ouvia em casa com a minha mae, e outras muitas vezes depois. Mas eu sempre soube que isso era oportunismo, perguiça, que quando fosse preciso eu safava-me. E estou-me a safar, como sempre que foi preciso.<br /><br />Dizem que quando viajamos com uma namorada ou esposa há grandes possibilidades de stressar e até acabar com o relacionamento. Porque a dois o normal é ficar-se muito juntos,cada um a apoiar-se no mundo conhecido que resta, invadindo constantemente o espaço alheio para além do que seria desejavel. E depois, se não há boa sintonia, ou se não está claro quem manda, e quase nunca existe boa sintonia nem está claro quem manda, as coisas podem ser complicadas. Muito complicadas. Até porque se entre o casal há “assuntos” pendentes eles continuam pendentes na viagem, não desaparecem, antes pelo contrario. Mesmo entre melhores amigos de toda a vida isso tende a ocorrer. Pode-se chegar ao fim (ou a meio!) da viagem e já estar com os cabelos em pé. E pode ser que tudo acabe ali mesmo. O que não faltam é casos desses por aí. A mim nunca me passou chegar ao ponto limite, mas já vi outros a chegar, e já saboreei um pouco a minha própria dose. E a Índia é o sitio perfeito para por tudo e todos a prova, porque isto não é a Europa, onde há supermercados em todo lado (eu ainda não vi nenhum aqui), onde tudo é mais ou menos limpo, seguro, previsivel...<br /><br /><strong>Por outro lado</strong>, há quem se dê realmente bem, e que viajam a dois, pelo menos aparentemente, bem. Muito bem. Isso é maravilhoso. Estando sozinhos olhamos e dá inveja. Como seria tao bom ter ali alguém que gostamos muito e confiamos pelnamente para partilhar tudo.<br /><br /><strong>Por outro lado</strong> viajar sozinho tem as suas vantagens. É que estamos muito mais abertos a conhecer outras pessoas. E aqui na Índia há muita gente a viajar sozinha, não só para estar ou estudar na Índia, mas também para conhecer outras culturas e sobretudo outras pessoas, de todo o mundo! É muito fácil conhecer gente em viagem! Conheci uma francesa no aeroporto em Londres que me fez companhia naquela fatigante espera. Por acaso encontreia outra vez em Delhi. No aviao conheci um indiano que vive em Portugal, em Alcantra! Em Delhi conheci brevemente uns 5 ou 6 viajantes, sobretudo no restaurante, mas acabei pr estar a maioria dos 4 dias com o meu motorista que era um gajo porreirissimo, por sorte. Só me ria com a coisas que o gajo contava. Mal me largou e passei para o comboio passei a conhecer uma média de 2 ou 3 pessoas por dia. Uns para pouco mais que um almoço ou passeio. Outros acabam por ser companheiros de um dia inteiro, ou até de mais de um. Já conheci espanhois (por todo lado), australianos, franceses, coreanos, americanos, noruegueses, suecos, holandeses, e gente sei lá mais de onde. A maioria gente entre os 20 e os 35 anos. Geralmente basta puxar conversa e já está. Além da companhia, contam-se histórias, dao-se dicas e sugestoes para a viagem. Partilha-se um pouco da Vida e da viagem de cada um. E isso é tao enriquecedor. Nesta viagem de 20 horas para Rishikesh conheci uma holandesa de 32, advogada, que está a viajar há 4 meses, esteve 2 meses a trabalhar nuns orfanatos aqui em Rishikesh, foi a Varanasi conhecer e volta para cá dizer adeus aos miudos antes de ir para a Holanda outra vez. Estivemos na conversa horas no comboio, dividimos o taxi desde Hardiwar, ficamos na mesma hospedagem e fez-me de guia pela parte que interessa de Rishikesh, que assim conheci logo bem no primeiro dia. Entretanto cada um vai ao seus afazeres. Nem sei se a volto a ver apesar de estarmos na mesma hospedagem, e nem me interessa, porque foi porreirissima mas é assim mesmo, vem e vai-se. Como já vieram e foram rápidamente bastantes pessoas em poucos dias. Algumas pessoas até agostariamos de conhecer melhor, porque temos coisas em comum, porque conectamos bem, gostamos. Mas talvez eu estivesse em direcçao a Varanasi e ele ou ela em direcçao a Bombay. Mesmo que volte ver esta “Nicole” (na maioria dos casos nunca se chega a decorar os nomes das outras pessoas) será para um “adeus, boa viagem, foi um prazer conhecer-te”. E sigo para bingo, que há mais que fazer, coisas para ver, outras pessoas para conhecer. Eu gosto de saber como vivem e viajam os outros por isso meto logo conversa e a garnde maioria está desejosa do mesmo. Mas não é um conhecer mesmo. Há pessoas com as quais podemos conectar perfeitamente de forma instantanea, e até podem surgir momentos de grande intimidade (intimidade no sentido de entendimento e cumplicidade) num breve momento. Mas, apesar de a maioria das pessoas em viagem estar bastante aberta e receptiva, a verdade é que não é a mesma coisa que ter um companheiro conhecido e constante, estável, com quem nem é preciso sequer olhar para saber o que o outro vai dizer, ou querer...<br /><br />Enfim, varios lados da mesma moeda. Eu estou a gostar muito. Mas também me está a apetecer parar, estar com gente conhecida, ou conhecer gente mais tempo, conhecer melhor um lugar, fazer algo com principio, meio e fim.<br /><br /><strong>Tenho esta ideia na cabeça de viajar por meses, de bicicleta ou de mota, talvez através da Índia, ou de outro país enorme, acompanhado ...</strong></span><strong> </strong></div>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4242296432075417762.post-15880041953532254162009-02-13T23:36:00.000-08:002009-02-13T23:38:50.462-08:00Varanasi<div align="justify"><span style="font-size:85%;">Uma das cidades santas da Índia. Pensa-se que uma das mais antigas. Uma cidade voltada maioritáriamente para o culto a Shiva, o dito <strong>Shivaismo</strong>.<br /><br />Varanasi é mais pequena (que Delhi), ou pelo menos a parte mais interessante fica mais concentrada. Por isso é uma cidade ideal para quem quer <strong>andar a pé</strong>, como eu e a maioria dos viajantes. A maioia do que mais interessa está junto ao rio, O Rio, o <strong>Ganges</strong>. Ou “a Ganges”, porque o rio é mulher, é criaçao, recriaçao, renascimento, reflorescimento de Vida. A mae Ganges. Por isso tudo tende a confluir para o rio, e o mais tipico, famoso e bonito sao os Gaths, as escadarias que dao acesso ao rio. Lá se processam a maioria dos rituais, e também dos passeios turisticos. Por cima dos <strong>gaths</strong> está a cidade. Mil um templos, a maioria para Shiva, desde muito pequenos, (tipo: meio metro cubico!) a medianamente grandes. Os Hindus não parecem ser dados a grandes construçoes. Para quê se o maior templo de todos está ali a frente de todos, é o próprio rio! E para fazer os pujas a Shiva basta uma qualquer pedra apontada para cima (simbolo fálico). Se quiser acrescenta-se um animal em frente, como simbolo de Shiva Pashpaputi, o rei dos animais... De todos os aspectos da multifacetada espiritualidade hindu, a que mais me fascina é o sem dúvida o Shivaismo, que na Índia pode assumir mil e uma formas e manisfestaçoes, mas que parece ter certas origens ainda mais ou menos obvias no animismo, no shamanismo, nos cultos da terra, da fertilidade, da guerra, da Natureza, dos ciclos da Vida...<br /><br />Embora nós ocidentais tomemos o Yôga de uma forma técnica, practica, filosófica, “limpa”, aqui o yôga ganha um certo contexto cultural, e isso é bonito. Shiva também o rei dos yôgis, o simbolo do yôgi perfeito...<br /><br />Como parece ser tudo na Índia, aqui em Varanasi percebem-se espectacularmente bem algumas contradiçoes absurdas da Vida, e a forma como os indianos parecem viver com isso é o que de mais interessante há para comtemplar.<br /><br />O rio Ganges, o simbolo maior de criaçao, regeneraçao, renascimento, etc, venerado por milhoes de hindus como se fosse a sua própria mae, é, em termos “ciêntificos”, um rio morto, ou pelo menos envenenado, extremamente poluido. Aqui em Varanasi, já relativamente perto (uns mil Km) do delta onde conflui para o mar, o rio já esta tao poluido que a maioria do ocidentais nao arrisca nem molhar as maos! Diz-se que está 500 vezes masi poluído do que o máximo recomendado para tomar banho! Mas os indianos tomam banho, lavam a roupa, etc. E não é só a sua rotina diária que levam a cabo. É ritual. Vir tomar um banho ao Ganges é considerado purificador. O rio é sagrado. Mesmo que já se esteja morto! Dao um banho ao cadaver, depois quiemam-no, depois lançam os restos no rio. Tudo á vista de toda a gente. Acreditam muitos hindus que isso é um passo positivo para o seu Karma, para reencarnar num ponto mais alto da evoluçao, ou seja, mais perto da iluminaçao que os libertará, em ultima instancia, da própria Vida, esta vida de sofrimentos, condicionalismos, limitaçaoes. Esperam um dia não mais renecarnar, ser Deus. Daqui a muitooooooo teemmmpppooo. Acredito no entanto, que maioria deseja simplesmente reencarnar numa posiçao economico social mais vantajosa...<br /><br />Se voltar a Índia, e isso parece-me bastante provavel, voltarei sem dúvidas a Varanasi. Gostei mesmo. E nem os pretensiosos ocidentais que se creem mais hindus (e porcos) que os indianos, nem o cheiro a escape da ruas hipercongestionadas por demasiadas motoretas sem catalisador, nem o cheiro a merda por todo lado proveniente de todo tipo de animais (humanos incluidos), nem os pedintes, massagistas, barbeiros, vendedores de flores, passeios de barco, drogas, conductores de rickshaw, estadias em guesthouses, lugares com melhores viistas e visitas a “verdadeiras fabricas de seda milenares”, e mais mil uma porcarias que continuamente nos querem pedir ou impingir estragam a pintura. </span></div>Unknownnoreply@blogger.com1